Por Dantas Rodrigues, socio-partner
da Dantas Rodrigues & Associados
Viver o Natal é indissociável da troca de presentes e esta tradição devemosaos reis magos, três sábios que a piedade popular coroou e a tradiçãoentronizou no imaginário da nossa civilização.
Verdadeiros aristocratas, não pediram a ninguém que lhes indicasse o caminho, antes preferindo seguir a estrela que Mateus quis que apontasse o caminho rumo a Belém, pequena cidade da Judeia (na atual Cisjordânia), que, naqueles tempos de fé, não era ainda um lugar de terror mas, sim, «Casa do Pão» que saciava todas as fomes do espírito.
Belchior, Gaspar e Baltasar: o primeiro, de cor branca; o segundo, de cor amarela; e o terceiro, de cor preta. Por intermédio de três simples cores, modestos calcorreadores de terrenos pedregosos, afirmavam assim, sem o saberem, a universalidade do cristianismo.
Se nas suas veias corria ou não sangue azul, nada a respeito foi dito, não sendo porém difícil de crer que o povo simples e analfabeto, por os referidos sábios serem portadores de ouro, incenso e mirra, bens preciosos e caros na época, o povo simples, repito, não demorou a deduzir que se tratava de reis e, por isso, não hesitou em os aclamar.
Nos finais do século XIII, o cronista italiano Lacoppo da Varazze, que na sua Lenda Dourada escreveu o seguinte: “o primeiro dos magos chamava-se Belchior, era um velho de cabelos brancos e de barbas compridas. Ofereceu ouro ao Senhor, como se de um rei se tratasse, significando por isso o ouro a realeza de Cristo. O segundo, chamado Gaspar, jovem, imberbe e de tez avermelhada, ao oferecer incenso a Jesus estava a homenagear nele a sua Divindade. O terceiro, escuro, bem provido de barbas, dava pelo nome de Baltasar. A mirra que levava entre as mãos lembrava aos homens que o Filho de Deus devia morrer por eles.»
Uma história já milenar que só a fantasia foi capaz de criar e enriquecer, nunca deixando de nos maravilhar, graças à sua vitalidade. Mesmo nos tempos atuais, que são tempos do mais boçal materialismo, ainda é possível acreditar, como Laccopo da Varazze, na realeza, na divindade e no sacrifício daquele que ao receber de presente a mirra odorífica e balsâmica das arábias mais não estava a fazer do que a trocar a sua vida pela nossa salvação.
Que mais e melhor se poderia então receber, por interposição de Baltasar, do que a esperança simbolizada através dessa mesma salvação?
O tempo passou, o tempo passa e o tempo passará, mas o homem, apesar de tudo o que o distrai, nunca poderá viver sem esperança, nem sem acreditar no amanhã. Por isso, só me resta juntar-me aos três reis magos e formular para o dia da sua festa, que é a 6 de Janeiro, que o ano de 2016 seja, para Portugal, bem melhor do que foi o de 2015, tanto do ponto de vista económico, como social, e que, na área que é a minha, o Direito, a justiça use mesmo venda nos olhos e enfim equilibre os pratos da balança. São estes os meus votos, é esta a minha esperança.