Aos 38 anos e depois de ponderar guardar as chuteiras, Ricardo Carvalho fez as malas e assinou agora pelos chineses do Shanghai SIPG. Isto depois de ter sido campeão europeu e ainda ser visto como uma referência em Portugal.
O sucesso no desporto-rei começou a construir-se quando, aos 15 anos, deixou o aconchego do lar familiar para se afirmar no FC Porto como um dos melhores defesas-centrais de sempre no futebol português.
Na Invicta, já assumiu que cresceu “como pessoa, como jogador”. “Mas custou-me muito. Tenho apenas um irmão, o meu pai é filho único, a minha mãe tem um irmão. Somos muito chegados”, confessou, um dia, numa entrevista.
De dragão ao peito, com empréstimos pelo meio, Ricardo venceu a Taça UEFA (2002/2003) Liga dos Campeões (2003/2004) e foi bicampeão nacional (2002/2003 e 2003/2004), despertando o mercado nacional.
Com José Mourinho, transferiu-se para os ingleses do Chelsea, onde jogou seis épocas. Seguiu-se Real Madrid, por mais três temporadas, antes de representar o Mónaco até ao final da época passada.
Em agosto do ano passado ficou oficialmente sem clube e chegou a equacionar por um ponto final na carreira, pouco depois de se ter sagrado o mais velho campeão europeu da história ao serviço da seleção nacional, em França.
O título foi a consagração num percurso marcado pelo dia em que, sem aviso prévio, abandonou o estágio das Quinas. Estávamos em agosto de 2011 quando Carvalho deixou de contar por incompatibilidade com Paulo Bento, o então selecionador.
Três anos depois voltou a ser opção para Fernando Santos, mostrando-se arrependido pelo seu ato. Mas, “paguei por isso, aceitei o castigo e enquanto jogar futebol vou estar sempre disponível para representar o meu país”, garantiu em 2014.
E assim foi… Levantado o caneco em Paris, o futebolista gozou férias e um período de reflexão, junto da mulher, Carina, e dos dois filhos, Rodrigo, de 11 anos, e Raquel, de 9, a quem é muito dedicado.
A certa hora, ainda foi hipótese o seu regresso ao FC Porto e a consequente permanência na cidade onde investiu numa luxuosa vivenda, na Foz, mesmo em frente ao mar. Só que o futebol é uma inconstância e segue-se mais uma aventura bem longe, em Xangai, China.
Ricardo Carvalho acabou de assinar contrato com a equipa treinada por André Villas-Boas e com o também ex-portista Acácio Valentim no staff, ou seja, longe mas perto de quem conhece bem.
Descrito como uma “pessoa tranquila”, o futebolista é um homem de gostos simples e, ao contrário dos colegas, nas concentrações, não se deixa levar por jogos como o póquer, só cedendo a uma partida de pingue-pongue “de vez em quando”.