Moda

Alexandra Moura retrata viagem no tempo e no mundo

“Cá e Lá” é a proposta da estilista para a estação fria. O fascínio por culturas distantes, pela identidade e pela História, constante no trabalho de Alexandra Moura, encontra no período histórico dos descobrimentos, uma herança que invoca a nostalgia e romantismo que ainda hoje distinguem Portugal no Mundo.

À procura de uma ligação mais forte com as origens (a natureza e a ancestralidade), esta
coleção – apresentada no primeiro dia do Portugal Fashion, esta quarta-feira, em Lisboa – viaja até ao tempo das colónias Portuguesas em Timor-Leste no século XVIII, e ao território vizinho da Indonésia.

Recuperando um diálogo cultural antigo, e num constante jogo de opostos, Alexandra introduz este passado histórico como uma importante influência que garantiu uma identidade própria, mutuamente cá e lá, ontem e hoje.

Formalmente, o icónico trabalho de desconstrução de peças contemporâneas alia detalhes subtis do traje étnico ao romantismo Europeu da época. Têxteis e padrões timorenses e indonésios servem de motivos para as malhas jacquard com efeito de cerzido sugerindo resquícios do que ficou e que, aliadas à paleta de cores mais terrestre – castanhos e ocres – e falsos pretos e azuis, se distanciam de uma imagem etnográfica.

Em associação com motivos florais, materiais como o veludo, fazenda de lã, felpa e gabardine, dão continuidade ao jogo de manipulações de tecido – repuxados e nós – criando uma silhueta mais híbrida, simulando novos panejamentos e jogos de peças, para um Homem simultaneamente sensorial, cosmopolita e contemporâneo.