É uma condição muito comum entre a população. Vários estudos indicam que entre 15% a 90% da população já experimentou episódios de bruxismo – o apertar e ranger involuntário dos dentes. Em Portugal, os números apontam para cerca de 100 mil pessoas afetadas.
Tanto pode ser diurno ou noturno. Quando falamos em bruxismo diurno, este é caracterizado pela atividade semi-voluntária da mandíbula, estando relacionado a hábitos repetitivos, como roer as unhas, o lápis, mascar pastilha elástica ou ranger os dentes.
As causas dos episódios de bruxismo diurno não são consensuais, mas consideram-se o stress e a ansiedade os principais fatores de risco. Estes estão também associados ao bruxismo noturno, assim como distúrbios do sono – ressonar, episódios de apneia, falar durante o sono ou alucinações. O tabaco, o consumo de cafeína, o consumo de álcool e a medicação para o sono, depressão e ansiedade podem ter, igualmente, influência.
Afeta tanto crianças como adultos. No caso das crianças, estes episódios prendem-se, sobretudo, com a normal esfoliação dos dentes e com o seu posicionamento nos maxilares.
Casos mais graves podem estar relacionados com situações de ansiedade. É comum o bruxismo ocorrer associado também à obstrução nasal e queixas respiratórias resultantes de hipertrofia das amígdalas e adenóides.
Com o avançar da idade, costuma tornar-se menos regular até desaparecer. No caso dos adultos, deve ser encarado como uma patologia e ser corrigido o mais cedo possível, evitando ao máximo as suas consequências.
Sendo um hábito inconsciente é, normalmente, diagnosticado tardiamente. “As dores de cabeça são o sintoma mais comum, dada a força que o indivíduo faz durante a noite. Desconforto na articulação temporomandibular, dores nos músculos mastigadores e da face, rigidez da região cervical, limitação dos movimentos de abertura da boca e perturbações do sono são outros sintomas”, lembra João Caramês, fundador e diretor do Instituto de Implantologia.
E acrescenta: “O ranger consecutivo dos dentes provoca inúmeros problemas, como desgaste do esmalte, que afeta a integridade dos dentes, causando dor e problemas nos maxilares e na articulação temporomandibular”.
O tratamento do bruxismo é realizado de acordo com a especificidade do caso e só depois da identificação das causas. Os aparelhos de proteção – placas de acrílico personalizadas, vulgarmente conhecidas por “goteiras” – para uso noturno permitem evitar o desgaste do esmalte. É igualmente importante a educação dos músculos da mastigação, para que não exerçam estes movimentos não funcionais, evitar a ingestão de cafeína e álcool que, por norma, exaltam as personalidades mais ansiosas.
A prática desportiva, a correção da postura, terapias de relaxamento e bons hábitos de vida são outras formas complementares de tratamento. Nos casos em que os dentes estão já demasiado desgastados é necessário reabilitá-los, recorrendo a coroas fixas ou a restaurações diretas para restabelecer o equilíbrio, a função e estética.
O médico dentista é o profissional indicado para avaliar, diagnosticar e tratar os episódios de bruxismo.