Cultura

Confissões da última namorada de Einstein revelam o lado mais humano do génio

É um nome incontornável da área da ciência, revolucionando a Física com teorias como a da Relatividade, que lhe valeram um Prémio Nobel, em 1921. Agora, o lado mais pessoal de Albert Einstein – considerado por muitos como a maior personalidade do século XX – acaba por ser revelado, após a descoberta do diário da sua última companheira, Johanna Fantova, que viveu com o cientista e professor até 1955, data da sua morte.

Os dois conheceram-se em Praga, em 1929. Johanna era na altura casada, conhecendo o físico através dos pais do marido. Voltaram a encontrar-se em pleno período de Segunda Guerra Mundial, do outro lado do Atlântico, para onde decidiram ir para se refugiarem da Europa ocupada pela Alemanha nazi. Desde 1952, tornam-se inseparáveis.

A então apelidada de “última namorada” de Einstein escreveu, ao longo dos três anos em que viveram juntos, um diário que dava conta do lado mais humano do ícone. Os testemunhos, encontrados pelo investigador de casais históricos Alfred Bush, foram revelados, de forma a desmistificar a figura lendária de Albert Einstein.

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As sessenta e três páginas cuidadosamente escritas em alemão dão conta de um homem de 75 anos cujo dia a dia era passado a batalhar contra o avançar da idade e algumas limitações físicas e mentais, embora os traços mais caraterísticos permanecessem. O sentido de humor e a personalidade impulsiva e ingénua são temas frequentemente destacados, a par da sua boa índole. Na sua rotina diária, ocupava grande parte do tempo a ver cuidadosamente todas as cartas, postais e desenhos de admiradores que lhe chegavam através do correio.

O cientista poeta com sentido de humor

A leitura fazia também parte dos seus maiores interesses. O génio lia bastante, embora criticasse várias vezes alguns livros, pelos seus temas e extensão. Era habitual ouvi-lo dizer, em tom de brincadeira, que precisou apenas de uma única obra para produzir uma revolução científica.

No entanto, o seu passatempo favorito era mesmo sentar-se e refletir, não gostando de interrupções. Por esta razão, chegou a simular que estava doente para não ter que receber alguns convidados, dar entrevistas e tirar fotografias.

A sua posição relativamente às armas nucleares é também descrita por Johanna. Observador atento dos acontecimentos internacionais, o cientista sentia-se culpado pois sentia que deu fortes contributos para a criação da bomba atómica, sendo uma forte figura que se opôs a esta inovação.

Para além dos traços mais pessoais da vida de Einstein, o diário inclui também alguns poemas escritos por ele, assim como algumas anedotas. O agravamento do seu estado de saúde acabou por limitá-lo em algumas das suas atividades de eleição, embora tenha encontrado novos passatempos, que partilhava com a sua companheira, como tomar conta do seu animal de estimação, um pássaro chamado Bibo. Johanna permaneceu ao seu lado até à sua morte, nunca tendo conseguido lidar com a ausência do seu grande amor.