Não se pode dizer que seja uma música consensual, mas será ela a representar Portugal na competição europeia, em maio.
Salvador Sobral foi, desde a primeira semifinal do Festival da Canção, um dos nomes mais falados. Uns elogiam a música calma e de qualidade, outros estranham a aparência física e os trejeitos com que o músico a interpretou, e ainda há aqueles que abominam o facto de ser ‘Amar Pelos Dois’ a representante do nosso país na Ucrânia.
O cantor, de 27 anos, já tinha sido o alvo preferencial dos internautas, e protagonista de vários memes, mas depois da vitória no concurso da RTP tudo se intensificou.
Para começar, a página de Facebook do Festival da Canção voltou a receber inúmeras críticas dos fãs irados. A maioria não gosta da canção, composta por Luísa Sobral, e não se esquece do facto desta ter vindo a público (como por exemplo numa entrevista à Rádio Renascença) dizer que “já que nunca ganhamos na Eurovisão, que vá uma música ao meu gosto”.
Outros partem mesmo para o insulto puro e duro. “O cantor parece que está a ter um derrame cerebral” e “isto não é para tocar na tasca do zé da esquina, é para um festival da canção seus burros” foram apenas alguns comentários.
Há ainda quem não concorde com a sua vitória, pois Salvador ganhou no júri, mas não ganhou no televoto. Neste caso, o grupo ‘Viva La Diva’, com a música ‘Nova Glória’, composta por Nuno Gonçalves dos ‘The Gift’, foi a preferida do público, tendo acabado em segundo na tabela geral.
Também não se pode esquecer ‘Don’t Walk Away’, de Pedro Gonçalves, talvez a mais unânime nas opiniões dos fãs de que seria a representante mais eurovisiva. A música venceu a segunda semifinal pelos telespectadores, mas este domingo – tal como aconteceu há uma semana – voltou a ser ‘trucidada’ pelo júri, que a colocou nos últimos lugares. Não foi além de um 6º lugar do total de oito canções, o que, para muitos, foi um choque.
As votações, recorde-se, foram determinadas com base no televoto (50%) e num júri regional (50%).
Entretanto, também já há reações lá fora. E mais uma vez se prova de que Salvador Sobral – que cantou apesar de estar nitidamente com dificuldades técnicas em ouvir a música pelo auricular – não é um vencedor consensual (se formos a ver, raramente há um campeão que agrade a todos). Os fãs da Eurovisão salientam a qualidade da música e sublinham que a simplicidade e o facto de ser cantada em Português podem fazer a diferença e levar Portugal a passar à grande final, a 13 de maio. A última vez que lá estivemos (na final) foi em 2010.
Mas há outros eurofãs que não percebem a performance nem a interpretação, digamos que ‘sui generis’, de Salvador: “Ele parece tão estranho em palco” e “Este tipo de música era a que se tocava no Titanic enquanto afundava”, lê-se no site oficial da Eurovisão. Houve ainda quem, achando que estava a defender a “diversidade” de concorrentes, acabou por – sem o saber, provavelmente – dizer que o cantor tem autismo. E dizemos nós: “Mais valia não teres escrito nada”.
Depois de vencer, Salvador Sobral, que ainda recupera da cirurgia a uma hérnia, cantou a música com a irmã, num momento que enterneceu muitos.
Veja as fotos do programa de ontem que, além de ser o Festival da Canção, foi uma gala dos 60 anos da RTP: