A duas semanas de se assinalarem os dez anos do desaparecimento da menina britânica, a ama de Madeleine McCann decidiu quebrar o silêncio. E tudo para defender a tese de rapto da criança, que dormia no apartamento do resort da Praia da Luz, no Algarve, ao lado dos irmãos gémeos bebés Amelie e Sean, enquanto os pais e os amigos estavam numa esplanada.
“Sempre me fez impressão quão diferente aquele resort era dos outros empreendimentos da Mark Warner. Disseram-nos ‘Aqui têm apitos de violação, não vão a parte alguma sozinhas, nunca’. Uma rapariga tinha sido atacada um ano antes na Praia da Luz. Quanto a mim, aquilo parecia tudo menos um resort familiar”, disse ao tablóide ‘The Daily Mirror’ Catriona Baker, uma das 16 contratadas pela Mark Warner, empresa inglesa proprietária do resort na Praia da Luz.
Nessa noite de 3 de maio de 2007, Catriona não esteve a cuidar de Maddie e dos irmãos, mas diz que viveu o susto de perto.
“Eu não entrei no apartamento, mas quase todas as outras pessoas entraram. Por isso, provas desaparecidas, nada. Não havia lá ninguém para dizer precisamos de analisar isto, agora”, alegou, criticando assim a atuação da polícia portuguesa, que diz ter demorado “talvez uma hora e meia” a chegar ao empreendimento turístico.
“Perguntam-me constantemente se foram os pais. Digo-lhes que não, que isso está completamente fora de questão. A, por causa dos timings, B, por causa das reações deles, do sítio onde aconteceu, por tudo. Não há a mínima hipótese”, explicou.
A ama acredita que a menina está viva. “Espero que ainda esteja viva” e que tenha sido “levada para uma pessoa rica que não tinha filhos”.
“Encontrei a Kate, que estava a chorar, com amigos a confortá-la. O Gerry andava a espreitar por baixo dos carros, foi aí que percebi. Ela estava a chorar, mas quase num estado catatónico, e o Gerry estava muito nervoso e aflito. É a única coisa que me lembro de o ver fazer, espreitar para de baixo dos carros. Nunca esquecerei essa imagem”, recordou.
Catriona Baker, que falou pela primeira vez dez anos depois do desaparecimento de Maddie, considera que “muitas coisas deveriam ter acontecido de forma diferente”, no que diz respeito à atuação da polícia e que “infelizmente os efeitos foram catastróficos”.
Uma especialista criminal defendeu, recentemente, que Maddie McCann morreu no Algarve por “negligência e medicação” – a mesma teoria que Gonçalo Amaral, ex-inspetor da Polícia Judiciária, defendeu no seu livro “A Verdade da Mentira” e que lhe valeu um processo movido por Kate e Gerry McCann -, atribuindo assim as culpas ao casal inglês. Mas a ama contraria essa ideia, notando que o casal e os filhos eram a imagem da “família perfeita”.
As autoridades inglesas continuam a investigar o desaparecimento, depois de terem recebido financiamento adicional para prosseguirem o inquérito até setembro deste ano.
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