As conclusões podem parecer polémicas, mas o estudo nasceu apenas da intenção de perceber a realidade social das famílias britânicas. Ou melhor, da possibilidade de ‘fracasso’ dos padrastos em ajudar as famílias às quais passam a pertencer, e que foi baseada nos registos de vida de mais de mil crianças nascidas de mães solteiras na viragem do Milénio.
De acordo com a pesquisa (bem específica, há que salientar), as crianças são mais saudáveis e mais propensas a crescer com uma boa educação e a obter um desempenho melhor na escola se o seu pai biológico viver com elas. Mas os mesmos benefícios não se aplicam no caso do padrasto.
O estudo, realizado por três pesquisadores da London School of Economics e divulgado pelo jornal ‘Daily Mail’, verificou relatórios de saúde, inteligência e habilidades sociais das crianças até à idade de sete anos.
E com base nisso, percebeu-se que as mães solteiras, se fossem acompanhadas pelo pai biológico das crianças, o desempenho da ‘pequenada’ seria tão estável como aqueles que vivem com os dois pais.
Já quando um padrasto se junta a uma família dirigida por uma mãe solteira, então os menores são susceptíveis de crescer com os mesmos problemas que as crianças de famílias que continuam a ser lideradas por uma progenitora sozinha. Além de serem menos propensos a ter um bom rendimento na escola ou a manter um emprego, são mais propensos a engravidar na adolescência ou a entrar no mundo do crime.
O estudo, o primeiro a usar evidências de um levantamento em grande escala para analisar a influência dos padrastos no Reino Unido, segue uma série de apontadores menos académicos que sugeriram que as famílias podem enfrentar problemas quando os pais não biológicos se mudam.
No ano passado, uma pesquisa para o serviço de aconselhamento ‘Relate’ disse que mais de um terço dos padrastos e mais de quatro em cada dez madrastas duvidam da força dos seus laços com as crianças que estão ajudando a criar.
‘Relate’ disse que as suas conclusões “indicam alguns dos desafios que as famílias podem enfrentar após a rutura de um relacionamento e durante a união de diferentes famílias.”
Já este novo estudo foi baseado em relatórios fornecidos pelas famílias para o Millennium Cohort Survey, que tem vindo a acompanhar a vida de quase 20 mil crianças nascidas no Reino Unido entre 2000 e 2002.
“Este relatório mostra como os pais biológicos são importantes para o desenvolvimento dos seus filhos. Não são só as figuras paternas que importam, mas os pais. A constante destruição da família nuclear por parte dos governos teve um impacto negativo sobre as crianças e deve parar agora. Aumentar o subsídio de imposto de casamento seria um bom ponto de partida”, salientou ao ‘Daily Mail’ Laura Perrins, co-editora do site da Mulher Conservadora.