Num ano os portugueses gastaram 5,7 milhões de euros em medicamentos de vitamina D, dos quais 2,1 milhões foram comparticipados pelo Estado. Os dados de 2016 alarmaram as autoridades de saúde – Infarmed, Direção Geral da Saúde (DGS) e Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) – já que 12 meses antes os gastos tinham sido quatro vezes inferiores.
Para perceber “as razões que justificam este aumento anormal da utilização de medicamentos contendo vitamina D”, estas três entidades abriram uma investigação “firme e rigorosa”.
Num país com tanto sol – sendo a exposição solar a principal fonte de vitamina D – como pode haver tanto défice que leva a este consumo? A discussão já se estendeu a outros países que apesar do sol, têm défice de vitamina D. Em causa pode estar a pouca exposição solar entre a população mais vulnerável como os idosos, que deveriam passar 15 a 20 minutos por dia na rua.
De facto, existem, em Portugal, dois estudos sobre a deficiência de vitamina D na população que têm resultados muito diferentes, situação sublinhada pelo próprio Infarmed. Os dois foram feitos com as mesmas amostras, mas em anos diferentes (2012 e 2015) e com máquinas de medição diferentes. Para validar estes valores teria de ser realizado um teste padrão, que terá custos elevados.
Como a medição dos níveis de vitamina D parece depender dos aparelhos em que são feitas as análises, a investigação das autoridades vai passar especificamente por esta área, com uma “avaliação profunda e esclarecedora”. Uma vez que, aponta o Infarmed, as metodologias laboratoriais devem cumprir “as regras previstas na diretiva europeia dos dispositivos médicos e na legislação nacional” e estas mostraram valores discrepantes.
A vitamina D é essencial para fortalecer os ossos, já que facilita a absorção do cálcio, os músculos e ajuda a controlar e prevenir a diabetes, além de proteger o coração. É também importante para o tratamento de doenças autoimunes como o lúpus ou a artrite reumatoide e está também associada à prevenção e tratamento de alguns cancros como o da mama e próstata.