“Eu errei”, foi assim em carta aberta publicada esta terça-feira, 4 de abril, que o ator brasileiro que dá vida a Tião Bezerra, na novela da SIC, acusado de ter assediado sexualmente uma figurinista da Rede Globo, reagiu às notícias que têm saído na comunicação social.
Susllem Meneguzzi Tonani, de 28 anos, era figurinista na novela ‘A Lei do Amor’, protagonizada por Mayer, e referiu que foi assediada por este durante oito meses. Em fevereiro deste ano, o ator terá passado das palavras aos atos. “Dentro do camarim, na presença de outras duas mulheres, esse ator, branco, rico, de 67 anos, que fez fama como garanhão, colocou a mão esquerda na minha genitália. Sim, ele colocou a mão na minha b***ta e ainda disse que esse era seu desejo antigo. Elas? Elas, que poderiam ser eu, não ficaram constrangidas. Chegaram até a rir de sua ‘piada'”, relatou a vítima.
Resultado? Várias colegas de profissão já vieram defender Susllem e a Globo já suspendeu José Mayer, que iria entrar em ‘O Sétimo Guardião’, próxima novela da noite da Globo, de Aguinaldo Silva, e com estreia marcada para 2018.
Por isso a assessoria do ator divulgou hoje uma carta aberta em nome do próprio:
“Carta aberta aos meus colegas e a todos, mas principalmente aos que agem e pensam como eu agi e pensava:
Eu errei.
Errei no que fiz, no que falei, e no que pensava.
A atitude correta é pedir desculpas. Mas isso só não basta. É preciso um reconhecimento público que faço agora.
Mesmo não tendo tido a intenção de ofender, agredir ou desrespeitar, admito que minhas brincadeiras de cunho machista ultrapassaram os limites do respeito com que devo tratar minhas colegas. Sou responsável pelo que faço.
Tenho amigas, tenho mulher e filha, e asseguro que de forma alguma tenho a intenção de tratar qualquer mulher com desrespeito; não me sinto superior a ninguém, não sou.
Tristemente, sou sim fruto de uma geração que aprendeu, erradamente, que atitudes machistas, invasivas e abusivas podem ser disfarçadas de brincadeiras ou piadas. Não podem. Não são.
Aprendi nos últimos dias o que levei sessenta anos sem aprender. O mundo mudou. E isso é bom. Eu preciso e quero mudar junto com ele.
Este é o meu exercício. Este é o meu compromisso. Isso é o que eu aprendi.
A única coisa que posso pedir a Susllen, às minhas colegas e a toda a sociedade é o entendimento deste meu movimento de mudança.
Espero que este meu reconhecimento público sirva para alertar a tantas pessoas da mesma geração que eu, aos que pensavam da mesma forma que eu, aos que agiam da mesma forma que eu, que os leve a refletir e os incentive também a mudar.
Eu estou vivendo a dolorosa necessidade desta mudança. Dolorosa, mas necessária.
O que posso assegurar é que o José Mayer, homem, ator, pai, filho, marido, colega que surge hoje é, sem dúvida, muito melhor.
José Mayer”