Conhece alguém que, mesmo que esteja de folga ou férias, não consegue desligar do trabalho? E quando falamos em desligar, não é apenas mentalmente, é mesmo fisicamente. Uns até chegam a trabalhar nesses dias, adiando o descanso.
Alguns podem dizer que é tudo fruto do mercado de trabalho atual e instável, que nos deixa com medo de ficar desempregados.
Apesar de todas estas “justificações”, há quem não consiga folgar mesmo, como se fosse um defeito crónico. Mas existe uma razão.
“Gostamos de acreditar que se sairmos o lugar não funcionará de maneira tão eficiente”, afirma Jeffrey Pfeffer, professor de comportamento organizacional da Stanford Graduate School of Business.
Muitas pessoas não tiram mais dias de férias porque não sabem delegar tarefas. Segundo John Hunt, professor na London Business School, apenas 30% dos chefes acreditam que delegam bem, e apenas 33% são considerados bons nessa tarefa pelos seus empregados.
E porque é que são maus a atribuir tarefas? Porque não querem. Acreditam, não importa quão errado isso seja, que as coisas no trabalho são melhores por sua causa, diz Pfeffer.
E isso não ocorre apenas no trabalho – é de alguma forma parte de nossa natureza.
“É a ilusão do controlo”, afirma Pfeffer. “Achamos que tudo em que nos envolvemos é melhor por nossa causa.”
Esta ilusão do controlo é ainda mais evidente nos Estados Unidos da América. Os americanos e as empresas no país valorizam muito o esforço individual, enquanto na Europa e no Canadá o fator coletivo é tipicamente visto como mais importante para o sucesso.
Os europeus também parecem ter uma visão diferente de valores. Eles “trabalham para viver”, enquanto os americanos “vivem para trabalhar”, afirma Rick Lash, da Korn Ferry. Nos EUA, realizações individuais são estimuladas desde cedo e celebradas ao longo da vida.
Mas o facto é: se você não consegue delegar trabalho a alguém, você não consegue fugir do trabalho.
Solução? Tenha uma equipa com capacidades que vão além das suas próprias funções.
Lash afirma que não é tão difícil como parece. Pegue um papel e comece a escrever tudo o que está sob a sua responsabilidade. Calcule quantas horas são necessárias para cada tarefa, como normalmente cada coisa é feita. Depois pense nas habilidades de cada um na equipa e comece a decidir a quem delegar cada coisa.
Quando muitos estão preocupados com os rumos da economia do país, a atitude de negligenciar as férias pode agravar-se, afirmam Pfeffer e Lash. Eles e outros especialistas afirmam que nessas horas cabe a cada um assumir a importância do descanso e garantir que as nossas funções sejam cumpridas.
Em resumo: seja proativo e conseguirá transformar o tempo livre em algo possível e viável.
“É difícil deixar o trabalho e podemos ser maus nisso, mas vai ficando mais fácil”, garante Anderson. “Hoje mal posso esperar para voltar ao trabalho com ideias frescas. O meu cérebro e o meu corpo agradecem também.”