A cantora Julia Samoilova já não vai participar no Festival da Eurovisão, no próximo mês, em Kiev. O canal estatal russo, Channel One, anunciou esta quinta-feira, dia 13, a retirada da Rússia do concurso.
Esta decisão vem na sequência da polémica em torno da proibição da entrada da artista na Ucrânia, por parte do governo local. Na altura, a justificação dada pelos serviços ucranianos de segurança SBU foi o facto de Julia ter estado na Crimeia (território ucraniano que foi anexado pela Rússia em 2014 e que o governo de Kiev não reconhece como independente).
Após semanas de especulação e incerteza, ainda que a organização do festival tenha emitido um comunicado a dizer que queria todos os 42 representantes de cada país no concurso e até tenha oferecido a possibilidade da atuação da cantora russa ser transmitida via satélite ao resto da Europa, chega agora a desistência.
De acordo com a estação russa, a intenção da Ucrânia em politizar o certame quebrou aquilo que se tem feito ao longo de 62 anos: unir os povos. A retirada da Rússia do certame irá também ter consequências quanto à transmissão do mesmo por parte do Channel One. Ou seja, o programa não será transmitido na Rússia.
“ENTREVISTA EXCLUSIVA. Julia Samoylova, que era suposto representar a Rússia na Eurovisão 2017 em Kiev, disse porque é que queria entrar no concurso, que considerava o mais importante da sua vida. Este ano, o primeiro canal não irá transmitir a Eurovisão devido ao facto de que não se conseguiu resolver a questão da participação Julia Samoylova nesta competição”, lê-se no comunicado deixado no Facebook.
A EBU (European Broadcasting Union, responsável pela Eurovisão) ainda não emitiu um comunicado, mas é expectável que o faça em breve.
A cantora russa, de 27 anos, com atrofia muscular espinhal desde nascença e que está numa cadeira de rodas, iria interpretar a canção ‘Flame is Burning’.
Recorde-se que já no ano passado a Rússia não gostou que a Ucrânia enviasse uma canção sobre a deportação dos tártaros na Crimeia na Segunda Guerra Mundial, muito menos que Jamala vencesse a Eurovisão. Na altura, os russos disseram que não iriam participar em 2017, mas depois voltaram atrás e decidiram apresentar a canção no passado mês de março.