Agora que foi confirmada uma epidemia da doença em Portugal, com 26 casos identificados, é natural que se tente perceber em que consiste o sarampo, que chegou a ser dado como extinto pela Direção-Geral da Saúde (DGS) no ano passado.
Primeiro, os sintomas. Febre, tosse, corrimento nasal, olho vermelho e manchas avermelhadas que começam na cara e descem pelo corpo até aos pés. Há ainda manchas, pequenos pontos brancos, que aparecem nos primeiros dias na parte de dentro da boca, no interior das bochechas junto aos molares.
A doença é altamente contagiosa, sendo a sua transmissão direta, por tosse, espirros, fala ou respiração. Depois do contacto com alguém infetado, surgem os sintomas. O período de incubação é de 10 a 12 dias. Depois o corpo sente uma espécie de gripe com febre alta, tosse, olhos vermelhos, corrimento nasal. Três ou quatro dias depois, manchas avermelhadas na cara que vão descendo e pintando o corpo. As manchas não têm prurido, nem provocam comichão, e demoram cerca de uma semana a desaparecer.
Não é só em Portugal que o sarampo está a dar dores de cabeça. Outros 13 países europeus, incluindo Espanha, França, Alemanha, Itália, Suécia e especialmente a Roménia que tem o maior número de casos, também se estão a ver a braços com a doença. Esta pode estar de volta, mas não estará mais forte do que no passado.
Ainda assim o número de casos em Portugal é de deixar a DGS preocupada. Só nos primeiros quatro meses deste ano, tivemos mais casos de sarampo do que na última década. E a Direção-Geral da Saúde estima que poderá haver mais casos nos próximos dias.
Normalmente o sarampo não dá complicações, no entanto quando dá pode tornar-se uma doença grave, com pneumonia e infeção no cérebro à mistura.
As pessoas vacinadas ou que já tiveram sarampo podem, em princípio, estar descansadas. Estão imunes. As restantes têm de estar atentas. Por exemplo, as pessoas infetadas com o VIH, ou seja com o sistema imunitário mais debilitado.
Os problemas são sobretudo respiratórios, pneumonias ou alterações do sistema nervoso central. Podem ou não ser mortais. A média mostra que em 100 casos de sarampo, um poderá ter um desfecho fatal.
A DGS alerta assim para a vacinação. As vacinas são gratuitas e as crianças devem ser vacinadas contra o sarampo aos 12 meses com reforço da dose aos cinco anos, segundo o recomendado no atual plano de vacinação. As que não foram vacinadas de acordo com o atual programa, podem fazê-lo entre os 11 e os 13 anos.
Não há um tratamento específico, nem pomadas para as manchas. É o próprio organismo que vai resolver o problema. Uma semana depois das manchas, começa tudo a desaparecer e a criança recupera totalmente. Se não houver nenhuma complicação, não há tratamento. Apenas se tenta baixar a febre, reforça-se os líquidos na alimentação e trata-se outros sintomas (como dores de cabeça, falta de apetite, sonolência) à medida que apareçam.
Se houver complicações, o vírus ataca, diminui as defesas do organismo e se não há uma resposta adequada à virulência criam-se condições para criar bactérias nos pulmões, por exemplo. É nesta altura que pode surgir uma pneumonia, que tem de ser tratada com antibióticos e que pode ou não ser mortal. Haverá casos que necessitem de internamento e de isolamento e, por isso, é importante evitar o contacto com os não imunizados.