Anderson Luís da Silva é o nome de batismo, Luisão o de guerra e ‘Girafa’ a alcunha que lhe colocaram devido à elevada estatura (1,93m). Foi, portanto, a mais de 2 metros de altura que, só nesta época desportiva, o defesa de 36 anos ergueu os três troféus conquistados pelo futebol do Sport Lisboa e Benfica.
O capitão que conquistou o coração dos encarnados e o respeito dos adversários vai agora entrar no último ano do seu contrato com as águias, mas ninguém garante que não venha a renová-lo uma vez mais. A temporada de 2017/18 será a sua 15.ª consecutiva ao serviço dos encarnados.
Com a camisola do Benfica já disputou 514 jogos oficiais. Trata-se de uma marca que lhe deixa a possibilidade de vir a tornar-se no jogador com mais partidas realizadas pelo clube tetra-campeão nacional nos seus 113 anos de história. Para já, o brasileiro só vê três históricos benfiquistas à sua frente: Coluna (518), Veloso (535) e Nené (578).
Foi na temporada que agora acabou, que dobrou a fasquia dos 500 jogos. Isso aconteceu na casa que escolheu para fazer carreira, o Estádio da Luz, na vitória por 1-0, contra o Borussia Dortmund para a Liga dos Campeões. Apesar de ser visto como um ‘durão’, não conseguiu conter as lágrimas quando foi homenageado, no balneário, pelo feito que tinha acabado de alcançar.
Tendo como referência os 39 jogos oficiais nos quais participou em 2016/17, tudo leva a crer que Luisão continuará a ‘alimentar’ a lenda na época que se segue.
Quando chegou ao Benfica, em 2003, naquela que foi a sua primeira experiência europeia, estaria longe de imaginar que viria a tornar-se num símbolo do clube encarnado. O trajeto rumo a esse estatuto que conquistou a pulso não foi fácil. Na altura, as águias viam o futebol nacional a ser dominado pelo rival Futebol Clube do Porto. Porém nem isso o fez atirar a toalha ao chão.
Muitas vezes, é certo, admitiu ter sido tentado a mudar de ares, com contratos financeiramente mais apetecíveis, mas o seu coração falou sempre mais alto e foi aceitando as sucessivas propostas de renovação que lhe foram apresentadas pelas águias. Paralelamente, o Benfica começou a crescer, numa demonstração clara de que o seu exemplo e paixão clubística foi determinante para o clube recuperar o domínio do futebol português.
Aliás, no primeiro campeonato ganho pelos lisboetas após a sua chegada ao clube, o ‘Girafa’ apontou o golo decisivo desse título, ao Sporting, garantindo a vitória no dérbi e praticamente o título para o Benfica.
A sua carreira no clube encarnado teve outros capítulos dourados e muitos mais títulos conquistados, mas foi nesse momento que começou a construir o mito que faz dele, nos dias de hoje, o Totti do Benfica.
O italiano que há dias se despediu dos relvados, aos 40 anos, deixou o mundo do futebol em lágrimas e nem ele próprio as conseguiu travar. Foi uma carreira inteira de altíssimo nível ao serviço da Roma, tendo ao longo dela recusado sair para colossos como o Real Madrid ou o Manchester United, só para citar alguns.
Quanto a Luisão, o seu fim como jogador no Benfica também há-de chegar, mas o que fica para trás terá sempre pontos idênticos aos de Totti. Os encarnados e o seu capitão estarão para sempre ligados umbilicalmente. E, no dia do adeus, também muitas lágrimas vão cair pelos rostos de adeptos, dirigentes, colegas, do próprio defesa e, talvez, até pelos rivais que amantes do ‘futebol romântico’.
Nessa altura, sabe que poderá contar com o apoio da mulher, Brenda Mattar, que lhe enche de mimos nos mais de 10 anos que levam de casamento, bem como das filhas Sophia e Valentina. Por isso, o fim não será tão duro assim. Duro foi, isso sim, o percurso do futebolista até chegar a ídolo do Benfica…