O antigo general morreu esta terça-feira, 30 de maio, aos 83 anos. Noriega, que chegou ao poder nos anos 80 com a ajuda dos Estados Unidos, estava hospitalizado desde março, depois de ter feito uma cirurgia a um tumor cerebral, segundo as informações da Lusa.
Juan Carlos Varela, presidente do Panamá, disse que a morte do antigo ditador “encerra um capítulo da história” do Panamá, e que a família de Noriega merece um enterro em paz.
Recordes-se ligação de Manuel Noriega aos Estados Unidos já vinha dos anos 50. Na altura, o futuro general estudava numa academia militar, no Perú, quando terá sido recrutado como informador da CIA. Enquanto colaborava com os norte-americanos, começou a desempenhar um papel cada vez mais repressivo a nível interno no seu país.
Quando o líder militar panamiano, Omar Torrijos, morreu em 1981, devido a um acidente de avião que nunca foi explicado, o caminho ficou mais aberto para Noriega. Quatro anos depois, em 1985, um dos principais rostos da oposição foi encontrado morto, o que aumentou ainda mais as desconfianças dos Estados Unidos em relação a Noriega.
Essas dúvidas terminou com a operação “Causa Justa”, ocorrida em dezembro de 1989, quando o então presidente norte-americano George Bush deu ordem para invadir o Panamá com o objetivo de depor o ditador, que esteve no poder desde 1983 a 1989.
Noriega refugiou-se assim na missão diplomática do Vaticano, mas acabou por se render nos primeiros dias dos anos 90, altura em que se seguiram várias condenações na justiça. Nos Estados Unidos e em França, foi acusado por tráfico de droga e lavagem de dinheiro, e no Panamá por assassinato, corrupção e desvio de dinheiro.
Em 2015, 25 depois da queda no poder, Manuel Noriega apareceu na televisão aos 77 anos e, em poucas palavras, pediu publicamente desculpa. Esse ato de contrição foi pensado com a família para colocar um fim ao ciclo militar, segundo o ditador. Noriega chegou ainda a salientar que, em alguns casos, foi condenado à revelia e sem qualquer interrogatório.