Falar de Paulo de Carvalho e não nos lembrarmos de ‘E Depois do Adeus’, senha da revolução de 25 de abril de 1974, é sinal de que ou não somos portugueses ou temos pouca memória.
O cantor será para muitos recordado assim – ainda que o tema, uma história de amor, com letra de José Niza e música de José Calvário, tivesse sido dada a conhecer antes no Festival da Canção de 1974 – mas é muito mais do que isso.
Em 2017, Paulo de Carvalho comemora 55 anos de carreira e 70 anos de vida. Como celebração, vai lançar um disco novo. ‘Duetos’, que chega às lojas a 19 de maio (quatro dias depois do seu 70º aniversário) mas que já está em pré-venda na Fnac, Worten e iTunes, inclui temas cantadas a duas vozes, sendo que os convidados são figuras importantes do panorama musical.
E há várias gerações no mesmo trabalho. Diogo Piçarra é uma das vozes que se ouvem no disco, no single ‘Flor Sem Tempo’ (tema que o artista levou ao Festival da Canção de 1971, composto por José Calvário e José Sottomayor, e que era o favorito para ganhar, mas a Tonicha e a sua ‘Menina’ levaram a melhor), que é também o tema de abertura.
Agir, seu filho e produtor do álbum, canta o tema ‘O Meu Mundo Inteiro’.
Também Carlos do Carmo (no icónico ‘Lisboa Menina e Moça’), António Zambujo (‘Os Meninos de Huambo’), Camané (‘Os Putos’), Raquel Tavares (‘O Homem das Castanhas’), José Cid (‘Nini Dos Meus Quinze Anos’) ou Marisa Liz (‘E Depois Do Adeus’) figuram entre os convidados.
Voltando a Paulo de Carvalho, para muitos “A” voz de Portugal. Como intérprete já percorreu muitos caminhos e viveu várias experiências.
Foi, por exemplo, duas vezes vencedor no Festival RTP da Canção (em 1974 e em 1977, neste caso integrado no grupo ‘Os Amigos’ e com o tema ‘Portugal no Coração’) e participou em festivais na Bulgária, Polónia, Bélgica, Chile, Rio de Janeiro e Espanha.
Aos 30 anos de profissão foi homenageado pela Casa da Imprensa na Grande Noite do Fado.
Mas não é só a cantar que Paulo de Carvalho revela o seu talento. Como autor-compositor tem mais de 300 canções escritas, compondo canções para muitos companheiros de profissão como Carlos do Carmo (o seu tema célebre ‘Os Putos’, que poucos devem saber que foi criado por Paulo), Simone de Oliveira, Sara Tavares, Martinho da Vila, Anabela, Vasco Rafael, Lena D’Água ou Mariza.
Em 2009, foi condecorado com o grau de Oficial da Ordem da Liberdade, pelo Presidente da República, sendo nesse mesmo ano eleito uma das melhores vozes portuguesas de sempre pela revista ‘Blitz’.
“A Voz”, o Autor, o Compositor e o Cidadão está a preparar muitas surpresas para 2017. O disco ‘Duetos’ é a primeira delas. Para alguém que praticou futebol nos juvenis do Sport Lisboa e Benfica, fundou vários grupos musicais e já participou em três filmes, quatro peças de teatro e séries de televisão, é difícil antever o que aí vem.
Paulo de Carvalho, que é atualmente jurado no talent show de domingo da SIC ‘Just Duet – O Dueto Perfeito’ ao lado do filho, de Gisela João e Héber Marques, ‘passou’ o seu talento aos filhos.
Em especial a dois dos cinco descendentes: a cantora Mafalda Sacchetti (neta da já falecida romancista, guionista e letrista Rosa Lobato de Faria), de 39 anos, e Agir (fruto do casamento com a atriz Helena Isabel), dez anos mais novo. Já esteve no palco com ambos.
O músico é ainda pai de Paulo Nuno, de 49 anos, Maria, de 14, e Flor, com 9, estas últimas fruto da sua atual relação com Susana Lemos.
“Mais do que cantor, sou músico. Toco voz”, apresenta-se o próprio na sua biografia. E ninguém discorda da voz.