A Diretora-Adjunta de Informação da TVI, de 56 anos, foi trabalhar para o terreno este domingo, 18 de junho, com o objetivo de fazer um direto para o ‘Jornal das 8’ da estação de Queluz de Pedrógão Grande, Leiria, local onde decorreu um incêndio este sábado (17), que causou 61 mortos e cerca de 62 feridos.
No entanto, a prestação da pivot acabou por se tornar alvo de grande polémica. Judite Sousa tornou-se hoje (19) o assunto mais falado do Twitter. O que mais chocou os cibernautas foi o facto da jornalista ter feito um direto junto a um cadáver queimado, que se encontrava coberto por um lençol.
“Um corpo aqui ao meu lado, de uma senhora, que ainda não foi retirado, apesar dos Bombeiros se encontrarem muito perto deste local”, chegou a dizer em direto. Os comentários negativos não se fizeram esperar, e muitos deles recordaram a altura em que a pivot pediu privacidade e respeito à imprensa após a morte do filho, André Bessa, que deu uma queda fatal numa piscina a 29 de junho de 2014.
“Judite de Sousa, a mesma pessoa que pede respeito pelo seu filho, faz uma reportagem ao lado de um cadáver. Absolutamente vergonhoso”, “Judite: Daqui a 10 dias, faz três anos que o teu filho morreu afogado. Que tal uma foto dele embrulhado num lençol quando o tiraram da piscina? E uma repórter a teu lado a perguntar se dói muito? Gostavas?” e “Judite de Sousa queixou-se (e bem) da exploração da morte de um familiar por revistas cor-de-rosa. Hoje fez um directo ao lado de um corpo” foram alguns dos comentários publicados.
Alguns cibernautas, que partilharam nas redes sociais imagens da Diretora-Adjunta de Informação junto ao cadáver, o que consideraram “surreal”, pediram para que esta regressasse a Lisboa, sugerindo a sua demissão: “É oficial. A Judite de Sousa fritou a pipoca. Façam-lhe um favor, mandem-na regressar a Lisboa”, “Ninguém pergunta à Judite de Sousa se ela pondera demitir-se? é que já vai sendo tempo de ir para casa”.
As críticas não ficaram por aqui, uma vez que Judite Sousa comparou o número de mortos em Pedrógão Grande com o de Entre Rios, e perguntou durante o briefing à ministra, cansada e cheia de preocupações, se se ia demitir. “Judite de Sousa compara número de mortos com Entre os Rios e sugere a demissão da Ministra durante briefing. Isso não é jornalismo” e “Não acredito, Judite de Sousa a comparar números de mortos com Entre os Rios e a perguntar a ministra se se demite por serem mais”, foram algumas das mensagens deixadas.
E não foi apenas o público que ficou chocado com o ocorrido. Muitos profissionais da comunicação social também mostraram desagrado depois de terem visto a reportagem da TVI.
Hélder Reis, apresentador da RTP, usou as redes sociais para partilhar a imagem do momento, e escreveu “Para mim, como cidadão e profissional de comunicação, isto não pode ser. Fazer televisão ao lado de um corpo. Não, não. Este não é o caminho. Lamento. Estou em choque”.
Já o jornalista Daniel Oliveira, que integra o programa ‘Eixo do Mal’ da SIC Notícias, também demonstrou estar contra o ocorrido: “‘Um corpo aqui ao meu lado, de uma senhora, que ainda não foi retirado’, diz Judite de Sousa, a falar, numa reportagem, com um cadáver atrás, parcialmente tapado. Não mostro a imagem nem comento”.
O humorista e apresentador Luís Filipe Borges partilhou o Código Deontológico dos Jornalistas Portugueses, e houve quem tivesse comentado “É mandar isso à ‘colega’ Judite Sousa. Parece que precisa de ‘refrescar’ a memória!”.
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