Ponto prévio: ao contrário do que é habitual, as nossas sugestões musicais para a semana não vão incidir sobre os melhores álbuns entre os que foram editados mais recentemente. Desta vez, debruçámos-nos num único estilo musical e, dentro dele, reunimos o que de melhor foi feito ao longo do tempo.
Para arrancar com este novo modelo, fomos pela via do Seattle Sound. Não lhe diz nada? Pois esse é o nome alternativo do grunge, estilo musical que nasceu naquela cidade norte-americana em meados da década de 80 do século passado e que, depois, ganhou grande popularidade no início dos anos 90.
A verdade é que esse género musical atravessou gerações e, hoje em dia, continua a ser muito procurado, apesar de ter perdido a presença física dos seus grandes intérpretes, como são os casos de Chris Cornell (dos Soundgarden, a 18 de maio de 2017), Scott Weiland (Stone Temple Pilots, a 3 de dezembro de 2015), Layne Staley (Alice in Chains, a 5 de abril de 2002) e o incomparável Kurt Cobain (Nirvana, a 5 de abril de 1994).
E, para começar, nada melhor do que fazê-lo com Soundgarden e aquele que foi o quarto álbum da banda, editado em março de 1994. Falamos de ‘Superunknown’, disco que marcou uma era e que se tornou intemporal dentro do género, beneficiando, nesse sentido, de ter sido editado um mês antes da morte de Kurt Cobain.
Apesar de ser de uma banda rival, a partida do vocalista dos Nirvana influenciou os primeiros espectáculos de divulgação de ‘Superunknown’. A depressão abateu-se sobre alguns elementos dos Soundgarden, mas não tirou brilho ao conteúdo do trabalho que, entre outros temas, integrou o eterno ‘Black Hole Sun’.
Outra música que se destacou nesse álbum foi, sem sombra de dúvida, ‘Fell On Black Days’ e é precisamente essa que lhe deixamos aqui para apreciar.
Revisitar o grunge sem fazer uma passagem pelos ‘Stone Temple Pilots’ seria pura heresia. Não caímos nesse erro, obviamente, e dessa banda destacamos o disco intitulado por ‘Purple’.
Esse que é o segundo álbum da banda, foi editado em junho de 1994, ou seja, também ele está bastante marcado pela partida de Kurt Cobain. Ora, na altura, chegou-se a pensar que esse trabalho fecharia o movimento grunge, mas, pelo contrário, ofereceu-lhe nova vida.
‘Purple’ revitalizou este subgénero do rock e trouxe com ele aquelas que, a esta distância temporal, são conhecidas com as melhores músicas da banda. ‘Interstate Love Song’ e ‘Big Empty’ são alguns desses casos, mas não os únicos.
Foi também neste projeto que nasceu ‘Vasoline’, o segundo single a ser lançado e que logo conquistou multidões com a sua sonoridade e letra. Pois bem, é precisamente esse tema que lhe sugerimos para ouvir no imediato.
Posto isto, seguimos para ‘Alice in Chains’, grupo que conseguiu juntar ao grunge pitadas de heavy metal e metal alternativo, união da qual sai um som mais acústico e pós-punk.
‘Dirt’ é o álbum que destacamos desta banda que também nasceu em Seattle, no estado de Washington, nos Estados Unidos da América. Colocado nas lojas em 1992, viveu por dentro a era de ouro do grunge, tendo vendido mais de 5 milhões de cópias em todo o mundo.
O seu vocalista, o saudoso Layne Staley, estava viciado em heroína quando o disco foi gravado e isso nota-se nas suas diferentes melodias, pois ofereceu-lhes um tom mais sombrio e que fez grande sucesso.
‘Would?’ é um exemplo cabal daquilo que acabamos de escrever e pode tirar as suas próprias ilações ao ouvir esse tema aqui:
E eis que chegamos à cara do grunge. Os ‘Nirvana’ continuam a ser, porventura, o expoente máximo desse estilo que advém do rock alternativo, mas que tem outras características muito próprias.
O vocalista Kurt Cobain destacou-se das demais estrelas daquele conceito musical e tornou-se no porta-voz da Geração X, embora contra a sua vontade. A obra que nos deixou, juntamente com a banda que integrou, fizeram dele um símbolo idolatrado por todo o mundo, mas isso deixou-o inconfortável.
No entanto, nada o impediu de escrever e interpretar, nos seus curtos 27 anos de vida, algumas das melhores músicas que o grunge já produziu. Muitas deles surgiram no álbum ‘In Utero’, uma obra de ampla qualidade que permaneceu bem firme nos ouvidos das gerações vindouras.
Esse foi o terceiro e último disco dos Nirvana, lançado sete meses antes de Cobain cometer o suicídio que chocou o mundo, depois de uma luta pessoal contra as drogas e a depressão. Partiu demasiado cedo quem ainda tinha muito para dar à musica. Ficaram, felizmente, diversos temas intemporais como este ‘Serve The Servants’ que lhe propomos ouvir.
Ora, para terminar em grande esta mão cheia de sugestões musicais das mais brilhantes bandas grunge da história, sugerimos o grupo que, atualmente, mais sucesso faz. Os Pearl Jam dispensam apresentações, bem como o seu vocalista e mentor, Eddie Vedder.
Para muitos, ele é a única estrela viva do estilo musical de que se fala nestas linhas e, na recente morte de Chris Cornell, foram muitos os que lhe pediram longevidade física entre nós. Não é para menos. O vocalista dos Pearl Jam já conquistou o seu lugar na imortalidade, mas conseguirá o movimento que ele representa tão bem resistir à sua partida?
A resposta a isso, deseja-se, demorará muito a ser conhecida. Dos Pearl Jam e Eddie Vedder continua a esperar-se o melhor e durante muitos anos. A banda habituou os fãs a regenerar-se e a superar expectativas álbum após álbum. Tem sido sempre assim e, por isso, torna-se difícil destacar um disco dos vários que já foram por eles produzidos.
Optámos, ainda assim, por ‘No Code’, de 1996, que foi o 4.º disco da banda. Das 13 músicas que o compõe, escolhemos o tema ‘Around the Bend’, um dos mais suaves da banda, mas belo em todos os acordes. Confira: