Tudo o que temos ouvido de o pão integral, pão fermentado e outros tipos de pão serem melhores para a saúde do que o pão branco não é bem assim.
Um novo estudo do Instituto de Ciência Weizmann, em Israel, concluiu que generalizações sobre o tipo de pão que é mais saudável não se aplicam. Em vez disso, o que é saudável é uma questão muito mais pessoal, relacionada com a biologia única de cada pessoa.
O estudo, publicado na revista científica ‘Cell Metabolism’, não viu diferenças significativas nos marcadores metabólicos, independentemente de os voluntários que nele participaram terem comido pão integral fermentado em casa ou pão branco produzido industrialmente.
“Nós tínhamos a certeza de que o pão integral seria uma escolha mais saudável, mas, para nossa surpresa, não encontrámos diferença entre os efeitos na saúde dos dois tipos de pão”, disse um dos autores do estudo, Eran Segal.
O pão fermentado é feito com micróbios que remontam a tempos antigos, enquanto o pão branco é cozido com cepas que remontam a apenas 150 anos.
Esta diferença, além da ausência de processamento artificial, levaram muitos a acreditar que o pão fermentado era mais saudável e melhor para o nosso corpo.
Segal e a sua equipa recrutaram 20 voluntários e observaram-nos ao longo de duas semanas. Dez passaram uma semana a comer pão fermentado caseiro e depois uma semana a comer pão branco industrial, enquanto os outros dez fizeram o inverso.
A experiência permitiu descobrir que os níveis de açúcar no sangue, minerais e enzimas hepáticas foram afetados pela ingestão de pão, mas, estranhamente, o tipo de pão não fez qualquer diferença real.
Os pães fermentados integrais, por exemplo, ajudam a moderar o nível de açúcar no sangue – ou assim se pensava.
De facto, cerca de metade dos voluntários ficaram com níveis mais elevados de açúcar no sangue depois de comer pão branco, como esperado. Mas a outra metade apresentou níveis de açúcar mais elevados depois de comer precisamente os pães fermentados.
“Provavelmente porque a resposta do corpo ao pão é algo muito pessoal”, referiu Elinav.
Os investigadores não dizem, no entanto, que o pão integral deixou de ser uma escolha saudável, apenas que o corpo de cada pessoa reage ao tipo de pão de forma diferente.
O estudo analisou também o microbioma dos participantes e descobriu que a composição particular das bactérias intestinais de cada um poderia prever algumas das suas reacções aos tipos de pão.
É de realçar que o estudo se baseou numa amostra muito pequena, e durou um curto período de tempo, pelo que é muito cedo para aceitar universalmente as suas conclusões.
Outra limitação do estudo é que o que constitui uma receita de pão típico também pode variar em diferentes partes do mundo, o que pode influenciar os valores nutricionais específicos, e ser diferentes dos envolvidos nesta experiência.