Foram dois estudos diferentes mas chegaram a conclusões semelhantes. A premissa também era a mesma: que alimentos ajudam no desenvolvimento saudável da criança?
De acordo com um estudo novo, publicado no periódico científico ‘Pediatrics’, oferecer ovos e laticínios a crianças, a partir dos seis meses, ajuda no crescimento e evita a atrofia relacionada à desnutrição. Apesar de parecer uma idade precoce, os alimentos não aumentaram o risco de reações alérgicas.
Além disso, outro estudo, publicado no ‘American Journal of Clinical Nutrition’, descobriu que crianças entre 2 e 6 anos que beberam leite de vaca eram mais altas do que as que consumiam leites vegetais ou outros tipos de leites.
No primeiro estudo, a equipa de pesquisa comparou o crescimento e os padrões alimentares de 163 crianças, entre seis e nove meses de idade, do Equador. Por seis meses meses, metade delas comeu um ovo diariamente, enquanto as outras não receberam nenhuma dieta específica.
No final do teste, os bebés da dieta com ovos apresentaram 47% menos hipóteses de ter desnutrição associada ao crescimento e 74% menos chances de estarem abaixo do peso para a idade comparadas aquelas que não consumiram ovo com a mesma regularidade.
As percentagens de estatura pela idade, peso em relação a altura e índice de massa corporal (IMC) das crianças que seguiram a dieta também aumentaram significantemente.
Segundo Lora Iannotti, professora de saúde pública na Universidade Washington em St. Louis, tanto os ovos quanto o leite de vaca são fontes naturais de proteínas, gorduras, vitaminas e minerais prontos. “Nós não somos crianças ou bezerros, mas ainda podemos aproveitar esses pacotes holísticos de nutrientes”, disse à ‘Time’.
Em países em desenvolvimento, o consumo desses alimentos pode ajudar a combater a desnutrição, uma vez que são amplamente disponíveis e mais baratos do que carnes e peixes, por exemplo.
No entanto, o estudo tem implicações para todas as populações. “Ovos podem ser benéficos para crianças em todos os lugares, independente da região, especialmente para família com baixa renda ou que estão em situações de vulnerabilidade para deficiências nutricionais“, explicou Lora. “O alimento faz parte da dieta dos Homo sapiens há muito tempo, então podemos até estar geneticamente predispostos a absorver seus nutrientes de forma mais eficiente.”
Os pesquisadores também descobriram outros benefícios relacionados ao consumo de ovos. Quando as crianças comiam um ovo por dia, comiam menos alimentos açucarados do que as do grupo controle. “Nós não sabemos se eram as crianças que se sentiam saciadas ou se os pais as alimentavam menos. Mas seja qual for o motivo, é uma descoberta positiva”, disse Lora.
É claro que existem outros alimentos que ajudam as crianças a crescerem de forma saudável. Frutas, vegetais e grãos integrais ainda são muito importantes, especialmente durante a fase de crescimento. Os laticínios também podem ser importantes, conforme o segundo estudo.
A pesquisa acompanhou 5 mil crianças, entre dois e seis anos, e descobriu que a cada copo de leite ingerido diariamente, as crianças tinham 0,2 centímetros a mais que as outras da mesma idade. Em contrapartida, para cada copo de leite vegetal ou de outros animais, as crianças se mostravam 0,4 centímetros mais baixas. Já as crianças que bebiam uma combinação dos leites, tanto de vaca quanto de outras fontes, também eram mais baixas do que a média.
A diferença de altura para uma criança de 3 anos que bebia diariamente três copos de leite de vaca contra uma que bebia a mesma quantidade de tipo diferente da bebida foi de 1,5 centímetros, de acordo com os autores. O resultado é o suficiente para classificar uma criança em um ranking de 50 para 15 de altura em comparação com outras da mesma idade.
Historicamente, o leite de vaca é a fonte mais comum de cálcio e proteína na dieta. No entanto, segundo os pesquisadores muitos pais têm buscado alternativas ao leite, que muitas vezes possuem valores nutricionais menores.
O estudo não conseguiu determinar, entretanto, o porquê dessa disparidade no crescimento, mas os autores levantam a hipótese de que as crianças devem estar consumindo menos proteínas e gorduras em geral. Dois copos de leite contém, em média, 16 gramas de proteína, a quantidade ideal para crianças com três anos de idade. Enquanto isso, leite de amêndoas contém apenas 4 gramas. Já outros leites de origem animal não contém o fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1, que, segundo os especialistas, contribuem para o padrão de crescimento infantil.
Esses estudos não implicam que os bebés devem ser alimentados com leite e ovos para crescer, até porque algumas crianças podem ter alergias ou intolerâncias. Os nutricionistas dizem que mesmo as crianças criadas em dietas veganas podem ser completamente saudáveis e, além disso, desenvolver melhores hábitos alimentares a longo prazo. No entanto, essas dietas podem apresentar desafios para os pais ao se certificar obtendo os nutrientes necessários.
Em ambos os estudos, nenhum dos autores relatou conflitos de interesses ou financiamento de indústrias relacionadas.