Samantha Geimer ficará na história como a menina, de 13 anos, que foi abusada sexualmente pelo realizador polaco. Estávamos em 1977. No ano seguinte Roman Polanski foi acusado de violar a menor, depois de lhe terem oferecido álcool e drogas numa festa na casa do ator Jack Nicholson.
O cineasta assumiu ter mantido “relações sexuais ilegais” e saiu da prisão ao fim de 42 dias. Depois fugiu para França e nunca mais regressou aos EUA, com receio de ser preso, caso o juiz decidisse concluir o processo.
Entretanto Samantha nunca mais se livrou deste caso que ainda agora a atormenta. Além de ter sido vítima de um crime sexual naquela idade (ela tinha 13 e o cineasta tinha 44 anos), ainda tem de ser lembrada disso mesmo décadas depois. Quer em entrevistas, quer em notícias.
Esta sexta-feira, 9 de junho, a mulher, atualmente com 53 anos, foi a tribunal para pedir ao juiz que encerre o processo, dizendo-se “cansada”. Foi a sua primeira aparição pública no julgamento.
Apesar de manter a sua versão dos factos, que chegou a narrar numa autobiografia que publicou em 2013 (“Menina – Uma Vida à Sombra de Roman Polanski”), diz-se farta do estigma.
“Ele tinha 44 anos. Eu tinha 13. Encarem como quiserem, foi uma violação”, chegou a dizer em tempos. “Sou mais que a menina vítima de um ataque sexual, rótulo que os media me puseram. Também rotularam os meus colegas de escola, empurrados pelos seus pais para ficar longe dessa rapariga. Agora conto a minha história sem raiva, mas com um propósito; partilhar uma realidade narrada em detalhe permite-me reclamar a minha identidade”.
Ontem fez uma declaração em defesa do arguido. “Não fiquei assim tão traumatizada como todos acham que eu deveria ter ficado”, contou aos jornalistas à entrada do tribunal, acrescentando que o sistema legal é que abusou de ambos (dela e de Polanski) desde o início do caso.
“Eu era uma jovem e adolescente sexualmente ativa”, disse aos repórteres.
Também o advogado do realizador, Harol Braun, foi a tribunal pedir que validem a teoria da defesa, que argumenta que Polanski já cumpriu a sua pena para o crime que ocorreu há 40 anos.
Já o juiz do Tribunal Superior de Los Angeles, Scott M. Gordon, disse que iria emitir uma decisão escrita sobre o pedido de Polanski para usar o depoimento de um ex-procurador distrital, Roger Gunson, feito há anos. No fundo este dizia que o cineasta já tinha cumprido a pena de prisão.