Estima-se que atualmente em todo o mundo cerca de 200 milhões de crianças em idade escolar apresentem excesso de peso, das quais 40-50 milhões são obesas.
Na Europa, a prevalência desta doença tem-se mantido constante e é particularmente preocupante entre crianças de estratos socioeconómicos mais desfavoráveis, existindo 40-50 milhões de crianças com excesso de peso, um valor 10 vezes superior ao registado em 1970.
Portugal, um dos países que, desde o seu início, lidera e participa no estudo da iniciativa de vigilância nutricional infantil da OMS-Europa, o “COSI – Childhood Obesity Surveillance Initiative”, apresenta-se como um dos cinco países da região Europeia com maior prevalência de obesidade infantil.
A par com a Grécia, Itália e Espanha (curiosamente países com dieta mediterrânica, ou seja, a mais saudável), mais de 30% das crianças portuguesas entre os 7 e os 9 anos apresenta excesso de peso nas quais cerca de 13% apresenta obesidade.
E é para inverter esta tendência e discutir estratégias inovadoras de combate à obesidade infantil, que cerca de 300 especialistas nacionais e internacionais se reúnem, entre 5 e 8 de julho, na Fundação Champalimaud, em Lisboa.
Promovida pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, enquanto centro colaborativo da Organização Mundial da Saúde/Europa e com o apoio do Ministério da Saúde, a 3ª Conferência Internacional de Obesidade Infantil (CIOI 2017) tem como objetivo principal agregar e discutir a informação disponível a nível nacional e internacional sobre a obesidade infantil.
A conferência, que conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tem início dia 5 de julho (19h30) numa cerimónia de abertura que contará com a presença de representantes ao mais alto nível do Ministério da Saúde e da Direção Regional Europeia da Organização Mundial da Saúde (OMS).
De acordo com a presidente da CIOI 2017, Ana Rito, a conferência permitirá também analisar e debater, através de uma sessão especial, as principais causas da obesidade infantil nos países do Sul da Europa, onde a prevalência de excesso de peso e obesidade infantil supera os 30% e é muito superior aos restantes países.
Neste sentido, representantes de Malta, Portugal, Itália, Grécia, Chipre, Espanha, Croácia e República da Macedónia discutirão as questões mais relevantes e que poderão suportar a razão pela qual as crianças do sul da Europa sofrem mais de obesidade.
A questão do marketing e publicidade alimentar enquanto fator decisivo nas escolhas alimentares das crianças e a necessidade da sua regulamentação será outro dos temas fortes da conferência, que se encontra dividida em cinco grandes áreas: Epidemiologia da obesidade infantil e investigação; Ação não-governamental e políticas de saúde pública; Visão social e cultural; Atitudes e comportamentos do estilo de vida das crianças; Saúde infantil em todas as políticas.
Entre os vários convidados internacionais, destacam-se a presença de Gauden Galea, diretor da Divisão de Doenças Não Transmissíveis do Gabinete Europeu da OMS, em representação da Direção Geral daquele Gabinete, que, no dia 8 de julho, fará uma comunicação intitulada “Saúde infantil em todas as políticas”, seguida de um debate com o Diretor-Geral da Saúde, Francisco George, o vogal do Conselho do Diretivo do Instituto Ricardo Jorge, José Maria Albuquerque, a investigadora Sandra Caldeira, do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia, e do Diretor da Federação Mundial da Obesidade, Tim Lobstein.
Do programa da CIOI 2017, destaque ainda para o fórum a realizar dia 6 de julho, com a presença de Philip James, especialista em assuntos ligados à obesidade, que responderá a perguntas, de forma interativa, com crianças de todo o mundo.
O Instituto Ricardo Jorge desenvolve uma tripla missão como laboratório do Estado no setor da saúde, laboratório nacional de referência e observatório nacional de saúde. O Instituto tem por missão contribuir para ganhos em saúde, para a definição de políticas de saúde e para o aumento da qualidade de vida da população.
Dispõe de unidades operativas na sua Sede em Lisboa, em centros no Porto (Centro de Saúde Pública Doutor Gonçalves Ferreira) e em Águas de Moura (Centro de Estudos de Vetores e Doenças Infeciosas Doutor Francisco Cambournac).