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Paco Bandeira sobre a destruição de discos: “É um jet lag com sete anos de atraso”

O vídeo do cantor a destruir 50 mil discos, com um cilindro compressor, em protesto contra os downloads ilegais, as estações de rádio e as Finanças tornou-se viral. Nele vê-se Paco Bandeira a esmagar os discos e a explicar o porquê.

Também ali dizia que quis oferecer os discos a países africanos de língua portuguesa (PALOP’s), mas “como primeiro obstáculo encontrou a ‘amiga’ Finanças que lhe queria cobrar valores astronómicos”.

Houve quem concordasse com a atitude do cantor, quem discordasse e só esta segunda-feira, 24 de julho, o próprio veio a público explicar tudo.

“É um jet lag com sete anos de atraso”, começou por dizer em entrevista à TVI24 esta manhã. Isto porque o vídeo foi feito em 2010 num armazém em Sintra mas só agora é que se tornou viral, graças ao Youtube e às redes sociais.

“O que aconteceu foi que fui obrigado a destruir 50 mil discos porque as Finanças não deixaram que eu os oferecesse aos PALOP. É um trabalho único, inédito, feito por Joaquim Pessoa (todos os textos) e as canções por Carlos Mendes, Fernando Tordo, Joaquim Pessoa, Jorge Palma, José Mário Branco. Produzi e paguei aos autores todos e paguei tudo na Sociedade Portuguesa de Autores”, continuou a recordar.

A ideia do disco surgiu do próprio Paco Bandeira e Joaquim Pessoa. “Na altura [Expo 98], dado que na Caixa Geral de Depósitos estava lá um dos poucos financeiros sérios deste país Alexandre Vaz Pinto, achamos ser necessário na Expo 98 fazer uma retrospetiva dos Descobrimentos. Ele disse que sim, entretanto saiu ele e ficou lá uma grande figura da democracia que não quis o trabalho”, ironizou.

Resultado? “Fiquei com 20 mil contos gastos. E os discos”.

Depois, Paco e Joaquim Pessoa “achamos que era uma coisa muito importante da nossa cultura” e decidiram entregá-los aos PALOP. Até porque o feedback que tinham recebido de Nino Vieira, antigo Presidente da Guiné-Bissau – e “amigo pessoal” de Bandeira – tinha sido positivo.

“Disse-me que era uma obra única e que era ótimo para perceber a história de Portugal. Eu e o Joaquim Pessoa queríamos oferecer aos PALOP. As Finanças disseram que não, que tinha de pagar como se os vendesse e sugeriram para destruir os discos. Avisei as tv’s e rádios e só lá apareceu a Saloia TV. Alguém achou entretanto este vídeo no Youtube e lembra-se de o publicar”, justificou.

O facto de se ter tornado viral deixou-o “surpreendido”. “É a notícia por tudo e por nada. Só prova a importância que as pessoas dão à informação, não confirmam nada, divulgam tudo”, considerou.

“Algumas pessoas fazem disto uma arma de arremesso para os seus problemas idiossincráticos. Havia pessoas que na net diziam: “espancou as mulheres e espancou os discos”. Não há uma única mulher espancada por mim, pergunte-lhe a elas, não é verdade”, afirmou ainda, mantendo no entanto firme que a crítica que fez à pirataria, rádios e Finanças “continua a fazer sentido”.