Zion Harvey foi notícia quando, aos oito anos, foi submetido a uma operação que durou onze horas. O menino norte-americano sofreu uma septicemia, uma infeção geral grave no organismo causada por germes patogénicos, obrigando-o à amputação das mãos e das pernas abaixo do joelho, além de ter sofrido também falência nos rins.
Foi a primeira criança a receber um transplante duplo de mãos e agora, dois anos depois, já consegue segurar num taco de basebol.
Os profissionais publicaram um artigo sobre a história de Zion na publicação médica ‘The Lancet Child and Adolescent Health Journal’, segundo a BBC.
A criança já consegue escrever, alimentar-se e vestir-se sozinho, além de jogar basebol. Mas o processo pós-operatório não foi fácil: houve momentos em que o corpo parecia rejeitar as mãos, mas o problema foi resolvido com algumas mudanças na medicação.
Os médicos surpreenderam-se, entretanto, com a resposta do cérebro de Zion “apesar da ausência de mãos durante o período de desenvolvimento motor entre as idades de dois e oito anos”.
No ano passado, o cirurgião-chefe Scott Levin disse que “o cérebro está a comunicar com as mãos, está a mandar que elas se mexam, e elas mexem-se, o que por si só já é extraordinário”.
Atualmente, segundo Sandra Amaral, membro da equipa que cuida de Zion no Hospital Infantil da Filadélfia (The Children’s Hospital of Philadelphia), a criança “é capaz de segurar um taco com muita coordenação e consegue escrever o seu nome com clareza. A sua sensibilidade continua a evoluir, é incrível. Agora consegue fazer carinhos na mãe e sentir isso”, completou.
Aos quatro anos, e depois de dois anos de diálise, o menino recebeu um transplante de rim doado pela mãe, Pattie Ray. Quatro anos mais tarde, a criança de Baltimore ganhou mãos novas. “Eu não fui sempre assim. Quando eu tinha dois anos, tive que tirar as minhas duas mãos porque estava doente”, conta.
Zion teve de se adaptar à infância sem as mãos e aprendeu a comer e até a jogar videojogos sem precisar de ajuda. Mas o menino optou pela cirurgia porque queria muito um dia poder segurar a sua irmã mais nova. Nas pernas, usa próteses.
Foi assim que, aos oito anos, se tornou na pessoa mais jovem a receber um transplante duplo de mãos. Cerca de 40 médicos participaram da operação no Hospital Infantil na Filadélfia, num procedimento que durou mais de dez horas e foi considerado bem sucedido.
Os cirurgiões garantiram, logo após a operação, que Zion teria agora “tudo para crescer como uma criança normal“, e que as mãos acompanhariam o seu crescimento.
“Sinto-me muito feliz com as minhas mãos e não me sinto diferente das outras crianças”, afirma Zion. “Agora consigo lançar a bola mais longe do que quando não tinha mãos”.
Fotos: NBC