Atualidade

Atleta do Benfica livrou tripulantes de aeronave da fúria dos banhistas

A informação chegou através do próprio clube, que o apelidou já de “herói improvável”.

Pouco depois de uma avioneta ter aterrado de emergência no areal da praia de São João, na Costa da Caparica, e de ter matado um homem, de 56 anos, e uma menina, com apenas oito, os banhistas tentaram agredir o piloto e o aluno que seguiam na aeronave.

Nicolas dos Santos, basquetebolista do Benfica, ajudou os tripulantes do Cessna 152 a sair da praia sem serem agredidos.

“O basquetebolista do SL Benfica, Nicolas dos Santos, juntamente com a sua mulher e duas irmãs desta, estavam no local, assistiram a tudo e, no meio de toda a aflição e pânico, Nicolas dos Santos teve a calma que imperava para ajudar nas primeiras medidas, nomeadamente, no apoio ao nadador salva-vidas e proteção dos tripulantes da avioneta, alvo da fúria dos presentes”, lê-se no artigo partilhado na noite de quarta-feira, 2 de agosto, no site do SLB.

“Estava na praia com a minha mulher e vimos a avioneta a voar de forma estranha, muito baixa, como se estivesse prestes a cair… e vimos mesmo a avioneta a cair na praia e a embater no homem e na menina. Foi muito complicado, viveram-se momentos de muito medo e aflição”, recordou Nicolas.

“Mesmo assim, a tragédia não foi maior porque hoje era dia de semana, estava vento e, apesar de estarem bastantes pessoas na praia, esta não estava tão lotada como se fosse a um fim de semana. Podia ter sido muito pior”, continuou, descrevendo depois o cenário de pânico que se seguiu.

“As pessoas começaram a correr em pânico, a fugir, vimos vários pais a correr com os filhos… foi horrível. A minha mulher correu para junto da criança e não conseguia parar de chorar… porque assistiu a tudo e à aflição da mãe abraçada à filha. Foi horrível! Eu corri para ajudar o nadador salvador, pois havia cada vez mais pessoas a chegar à praia e queriam bater no piloto da avioneta e no tripulante, também eles cheios de medo. Eu meti-me no meio para tentar evitar que acontecesse outra tragédia. Quis ajudar. A solução não era bater, era manter a calma e esperar que as autoridades, a polícia e a ajuda médica de emergência chegassem. Manter a calma era o mais importante no momento”, contou o atleta, Campeão Nacional de Basquetebol.

O piloto e o tripulante – com Termo de Identidade e Residência – foram presentes, esta manhã de quinta-feira, ao Ministério Público de Almada e ainda estavam a ser interrogados, durante a tarde.

Apesar das críticas da população, especialistas de aviação ultraleve garantem que a amaragem de uma avioneta com trem fixo, como aquela, será sempre a “última opção” do piloto.

Fotos: João Paulo Trindade / SL Benfica e Twitter