A informação é de Colin Tebbutt, motorista da princesa durante dois anos e um dos primeiros funcionários do Palácio a chegar ao hospital Pitié Salpêtrière em Paris depois do acidente de viação que acabou por roubar a vida a Diana, ao namorado desta e ao condutor da limusina.
O antigo funcionário de ‘Lady Di’, que a conduziu apenas no Reino Unido nos seus últimos dois anos de vida, falou pela primeira vez sobre o assunto numa entrevista televisiva.
Colin falou no programa ‘Good Morning Britain’, do canal britânico ITV, e revelou muitos dados novos, como por exemplo como protegeu o corpo da princesa – já sem vida – dos olhares dos curiosos que faziam questão de passar pelo quarto do hospital onde aquela estava de cara destapada, bem visível para todos enquanto o resto do corpo estava tapado com muitos cobertores.
“Foi bastante difícil e emocional ver alguém deitado numa cama, não numa morgue. Podia ver as pessoas em cima de telhados, o que me preocupava porque não havia cortinas, por isso peguei nuns cobertores e meti nas janelas o que tornou o quarto ainda mais quente”, contou.
“Fui arranjar algumas ventoinhas para arrefecer o quarto. Foi o momento da minha vida em que o meu profissionalismo falhou um pouco, porque quando me virei, as pestanas e os cabelos da princesa estavam a mexer-se, por causa da ventoinha. Isso ficou sempre comigo”, disse o antigo funcionário, atualmente com 77 anos.
“Tive que me afastar, pensar sobre isso e continuar com o que estava a fazer” e que incluía afastar os curiosos, já que se tinham passado apenas poucas horas do acidente e acreditava-se que Diana pudesse recuperar.
“Ela estava ferida. Foi assim que me disseram” quando lhe contaram a notícia. Tebbutt estava deitado na cama quando o seu colega de Balmoral [onde estava a rainha, o príncipe Carlos e os filhos William e Harry de férias] lhe ligou a dar conta do acidente e para ver a televisão.
“Foi o que fiz, ainda em choque. Vesti-me e fui para o Palácio de Kensington”, continuou.
“Sente responsabilidade por não ir a conduzir nesse dia? [31 de agosto de 1997]”, perguntou-lhe a apresentadora. “Sim. Penso sempre nisso. Não é nada bom ter isso em mente”, retorquiu, ainda que ele só fosse motorista da princesa no Reino Unido.
Já no hospital em Paris, onde a primeira vez que a viu achou que estava viva, por estar num quarto normal e de cara destapada, tratou de impedir que as pessoas – incluindo membros do Governo francês e até o Presidente da República Jacques Chirac – parassem e fizessem uma vénia em frente ao corpo.
“Qualquer um estava a ir para o hospital. Eles não diziam nada, só faziam vénia e iam embora. Estava errado. Sabia que eles estavam ali, mas tinha de acabar”, reforçou.
Outra preocupação foi pedir a um agente funerário francês que maquilhasse a princesa para ficar bonita quando o príncipe Carlos chegasse ao hospital.
Quanto à relação que tinha com Diana, era profissional, ainda que amistosa. “Há uma linha. Você não passa essa linha. Você fala com ela quando ela fala consigo, o que é o correto. Ela ainda era um elemento da realeza”, explicou.
“Íamos muitas vezes juntos no carro e ela tinha um incrível senso de humor. Onde quer que fossemos, nunca tive uma palavra cruzada em dois anos. Nunca uma palavra cruzada”, acrescentou, provando que nunca ficavam entediados na companhia um do outro.
Questionado sobre se poderia explicar melhor o que terá acontecido no túnel, Colin disse: “Penso que entraram demasiado rápido. No inquérito isso foi descrito”.
A ‘Princesa do Povo’, de 36 anos, seguia com Dodi, de 42 anos, e o guarda-costas Trevor Rees [único sobrevivente] em direção ao apartamento de Al Fayed em Paris, depois de terem saído do Hotel Ritz.
O automóvel despistou-se contra os pilares do túnel de Alma, na capital francesa, enquanto os fotógrafos tiravam imagens.
“Uma das coisas mais difíceis de se perceber é que as pessoas que a perseguiram no túnel eram as mesmas pessoas que estavam a tirar fotografias dela enquanto ela ainda estava a morrer no banco de trás do carro”, disse o príncipe Harry no documentário da BBC ‘Diana, 7 Days’ (Diana, 7 Dias).
“Eu e o William sabemos, pois foi-nos dito inúmeras vezes por quem sabia, que esse era o caso. Ela tinha ferimentos graves na cabeça mas ainda estava viva no banco traseiro. E aquelas pessoas que causaram o acidente, em vez de ajudar, tiravam fotografias dela a morrer. E depois essas fotografias viajaram para as redações deste país”.