A prisão de ventre, também conhecida como intestino preso ou obstipação, é caracterizada por menos de três evacuações por semana, pouco volume, muito esforço e fezes de calibre fino e endurecidas.
Acontece quando há uma lentidão nos movimentos peristálticos do intestino, responsáveis por empurrar o bolo fecal do intestino grosso até ao reto para ser eliminado.
Em 85% dos casos, ela é fruto de uma alimentação inadequada (rica em açúcar, farinha refinada e gordura e pobre em fibras) e da pouca ingestão de líquidos, principalmente água.
Uma boa hidratação aliada a exercícios físicos e uma alimentação equilibrada são as principais ferramentas para evitar a prisão de ventre.
Sendo um problema tão corriqueiro, é comum que dúvidas dêem origem a vários mitos sobre o assunto. Veja, a seguir, o que é verdade e o que não passa de crença.
É preciso evacuar todos os dias
Mito. Não existe uma regra, depende de cada organismo. Os especialistas, porém, consideram ideal ir, pelo menos, três vezes por semana. O normal é que seja sem esforços exagerados e por tempo prolongado.
Intestino preguiçoso atrapalha
Verdade. As fezes chegam ao intestino grosso até 90% de água. A parede muscular do intestino faz movimentos (peristálticos) para absorver a água e compactar essa pasta. De seguida, a massa é empurrada em direção ao reto, para ser eliminada. Quando os movimentos estão lentos, muita água é absorvida e as fezes ficam secas e endurecidas, levando à constipação.
Prisão de ventre é genética
Mito. Não existem estudos que indiquem que há ligação genética. Mas pessoas da mesma família, geralmente, têm costumes e hábitos alimentares parecidos, o que pode influenciar.
Comer fibras ajuda
Verdade. As fibras dissolvem-se na água tornado-se macias e pastosas, ajudam a compor o bolo fecal e retêm mais água. Sem elas, as fezes ficam duras e secas. Verduras, frutas, aveia, linhaça, chia, oleaginosas e alimentos ricos em gordura boa (como óleo de coco e abacate) ajudam. Também se deve beber 10 copos de água por dia e evitar alimentos processados, empanados e fritos, fast food e comida cheia de açúcar e farinha refinada.
Álcool e café pioram o quadro
Verdade. Os líquidos adicionam água ao intestino e incrementam o bolo fecal, facilitando os movimentos peristálticos, responsáveis por conduzir as fezes até a saída. Mas bebidas alcoólicas e com cafeína têm efeito desidratante.
Ficar muito tempo sentado causa prisão de ventre
Verdade. Sedentarismo, ansiedade, depressão, o hábito de adiar a ida à casa-de-banho e alguns medicamentos (como suplementos de ferro) também podem colaborar para a alteração ou piora do funcionamento do intestino.
Segurar a vontade prejudica
Verdade. Ignorar a vontade de evacuar contribui para que o movimento do intestino fique mais lento. A ida à casa-de-banho deve ser estimulada também fora de casa. Não ter o hábito prejudica o funcionamento do intestino. Com a correria, muitas pessoas simplesmente esquecem-se de ir ao WC.
Mulheres sofrem mais de obstipação
Verdade. As alterações hormonais decorrentes da menstruação e gravidez influenciam. O aumento da progesterona no período de ovulação (e um pouco antes dele) faz os movimentos do intestino diminuírem. Durante a menstruação, com a queda da progesterona, o intestino costuma voltar a funcionar. A retenção de água e a aversão de usar o WC fora de casa também contribui para que mulheres tenham o intestino mais preguiçoso.
É comum grávidas com intestino preso
Verdade. Durante a gravidez, cerca de 40% das gestantes ficam obstipadas por causa das alterações hormonais e pela compressão que o útero (agora aumentado) faz sobre o intestino grosso.
Prisão de ventre causa mau humor
Parcialmente verdade. O mau funcionamento do intestino influencia no humor, mas não existem estudos que comprovem a ação do intestino preso sobre o cérebro. Já quando o intestino funciona, a pessoa fica mais saudável e, consequentemente, mais disposta.
A solução é o laxante
Mito. Quando usados com frequência, eles fazem com que o intestino grosso fique dependente dos laxantes para fazer os movimentos peristálticos. Com o tempo, eles podem danificar as células nervosas da parede do intestino, interferindo na sua capacidade de contração.
Idosos sofrem mais com intestino preso
Verdade. Com o passar dos anos, há uma redução do metabolismo, impactando diretamente nas atividades do intestino grosso e no tónus muscular.
Fezes devem ser castanhas
Verdade. A cor castanha é provocada pela estercobilina, pigmento escuro formado na digestão da bile. Quanto mais tempo as fezes ficam “presas”, mais escuras saem. Fezes cinzentas podem indicar problemas no fígado, vermelhas podem sinalizar sangramento e verdes, infeções, por exemplo.
Maçã e goiaba prendem o intestino
Parcialmente verdade. A casca da maçã ajuda a soltar, enquanto a polpa tem efeito contrário. Por causa dos seus fitoquímicos, a goiaba também ajuda a reduzir os movimentos do intestino.
Ameixa e mamão ajudam a “soltar o intestino”
Verdade. As receitas das avós ajudam o intestino a funcionar melhor. A ameixa preta é uma fruta com altíssimo teor de fibras e possui ácido diidroxifenil isatina, que facilita a atividade intestinal. Já o mamão tem grande quantidade da enzima papaína, que ajuda o organismo a digerir mais rápido, diminuindo o tempo de armazenamento do bolo fecal.
Viagens influenciam
Verdade. Muitas pessoas não conseguem ir ao WC fora de casa ou ignoram a vontade de evacuar. Isso pode contribuir para que o movimento do intestino fique mais lento. A ida à casa-de-banho deve ser estimulada, inclusive, fora de casa. Deixar de ter o hábito de ir ao WC prejudica o funcionamento do intestino, deixando-o ainda mais preguiçoso.