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Prémios da MTV: a noite de Kendrick Lamar, contra Trump e o racismo

O rapper norte-americano Kendrick Lamar triunfou nos MTV Video Music Awards, que se realizaram no domingo em Los Angeles, nos Estados Unidos, conquistando cinco estatuetas, incluindo a de melhor videoclip do ano, com o tema “Humble”.

Lamar conquistou também os prémios para melhores efeitos especiais, melhor direção artística, melhor realização e melhor vídeo de hip-hop, todos eles por “Humble”.

Dos ‘grandes’ apenas lhe faltou o galardão conquistado pelo britânico Ed Sheeran, para melhor artista do ano, uma das novidades desta edição, já que pela primeira vez nos MTV Video Music Awards os homens e as mulheres não são separados em categorias diferentes.

Khalid conquistou o prémio de melhor novo artista, Zayn e Taylor Swift o galardão de melhor colaboração em “I Don’t Wanna Live Forever”, Kanye West foi reconhecido pela melhor coreografia em “Fade”, e Zedd e Alessia Cara destacaram-se na categoria de melhor vídeo de dança, com “Stay”.

Fifth Harmony e Gucci Mane venceram na categoria de melhor vídeo pop com “Down”, enquanto Lil Uzi Vert conquistou o prémio de melhor canção do verão com “XO Tour Llif3”, ao derrotar o remix “Despacito”, de Luis Fonsi, Daddy Yankee e Justin Bieber.

Pink, a grande homenageada da noite, fez um discurso poderoso que emocionou a todos. Ao receber o prémio das mãos da apresentadora Ellen DeGeneres, relatou um episódio que vivenciou dentro de casa.

A cantora, que é mãe de Willow Sage, de 6 anos, e Jameson Moon, de 8 meses, revelou que ficou surpresa quando, ao levar a primogénita à escola, a menina disse que era feia. “Eu tenho cabelo grande, mas pareço um menino”, confessou-lhe a filha.

A artista comentou que não fez nada no momento, mas, ao chegar em casa, preparou uma apresentação para a pequena com grandes estrelas andróginas como Michael Jackson, David Bowie, Elton John e Janis Joplin. Ela disse à filha que também recebe críticas de pessoas que dizem que ela é masculina e tem um corpo forte.

E foi a partir disso que veio o ensinamento: “Nós não mudamos. Nós ajudamos outras pessoas a mudarem para que elas possam ver mais tipos diferentes de beleza”, reforçou Pink. “E tu, minha filha querida, é linda e eu amo-te”, disse, acenando para a pequena que estava na plateia a assistir à cerimónia.

As palavras anti-Trump também se fizeram ver/ouvir. Pink atuou com uma faixa na parte de trás das calças onde se lia: “Fump Truck!” (uma troca de palavras que mais não era do que um insulto).

A cerimónia – apresentada por Katy Perry – dedicou também tempo à delicada situação do país, com Paris Jackson a apelar que se mostrasse “aos idiotas nazis e supremacistas brancos” que nos Estados Unidos não há lugar para “a sua violência, o seu ódio e a sua discriminação”.

O momento mais emocionante da noite foi protagonizado por Susan Bro, a mãe da jovem que foi assassinada há duas semanas em Charlottesville quando um neonazi investiu o seu carro contra um grupo de pessoas que protestavam contra os supremacistas brancos. “Há apenas 15 dias a minha filha Heather (Heyer) foi assassinada quando protestava contra o racismo. Sinto a falta dela, mas sei que está aqui hoje”, afirmou, acrescentando que vai criar uma fundação em nome da filha.

Katy Perry foi a apresentadora