Foi em 2013 que a dupla bicampeã nacional de Voleibol de Praia feminino começou a dar os primeiros passos na modalidade. Dois anos volvidos, Tânia Oliveira e Juliana Rosas juntaram-se efetivamente para disputar o campeonato nacional e nunca mais se largaram. De momento, correm pelo terceiro título consecutivo nessa competição e por objetivos ainda mais elevados e difíceis de concretizar, mas para os quais contam, desde já, com o apoio da Move Notícias.
Alcançar o estatuto de atletas profissionais de Voleibol de Praia – atualmente as atletas jogam Voleibol Indoor durante o período de pausa do Voleibol de Praia -, participar no Circuito Mundial e Europeu e integrar o Projeto Olímpico de 2020 são os grandes desafios que a dupla encara de frente, sabendo de antemão que está a abraçar uma espécie de missão impossível. No entanto, a confiança nas suas capacidades, bem como a paixão pela modalidade não as deixam baixar os braços. E nem podia ser de outra forma…
“Em 2013 jogámos juntas pela primeira vez e fomos ao Europeu Universitário. Na altura, estávamos na mesma universidade (n.d.r.: Fernando Pessoa, no Porto) e convidei a Juliana para jogar comigo o Campeonato Nacional Universitário. Conseguimos o apuramento para o Europeu, jogámos esse Europeu no Porto e vencemos. Correu tudo muito bem, mas nesse ano, juntas, só disputámos essa competição. Depois, em 2015, decidimos juntar-nos efetivamente para jogarmos o campeonato nacional. Foi assim que tudo começou”, recordou Tânia Oliveira à nossa revista.
“Em 2013 ficou o bichinho, a ideia de que, se calhar, conseguíamos algo mais. Infelizmente, como não tivemos apoios, ainda não conseguimos disputar o circuito internacional”, lamenta, por seu lado, Juliana Rosas, que prossegue assim: “Em 2015, iniciámos o nosso trajeto no campeonato nacional e, agora, somos bicampeãs. No plano internacional, este ano, mais uma vez não conseguimos o apoio quer federativo, quer de potenciais parceiros. Continuamos a lutar por esse sonho, lutamos para sermos profissionais de voleibol, porque ambas trabalhamos. De momento, além disso, jogamos voleibol indoor, a Tânia no Porto Vólei, eu no Leixões, onde me sagrei campeã nacional. No entanto, queríamos apostar mais no Voleibol de Praia e deixar o indoor. Sabemos que é esse o caminho para termos condições de sermos profissionais. Foi esse o trajeto que delineámos no sentido de realizarmos o sonho de jogar internacionalmente.”
Tânia Oliveira tirou o curso de criminologia, mas tem um projeto em Famalicão de assistência social, e Juliana Rosas é empresária agrícola, embora tenha estudado fisioterapia. No meio desta intensa atividade profissional ainda reúnem capacidade para se organizarem logisticamente e preparem as competições nacionais que disputam. “Aproveitamos todas as folgas e tempos livres. Não podemos treinar todos os dias pela mesma hora e ainda temos que encaixar o ginásio pelo meio, que também é uma forma de treino muito importante. Gerimos isso da melhor forma possível, tentamos conciliar tudo”, conta Juliana.
Os treinos são invariavelmente em Matosinhos, onde também mora o treinador Manuel Loureiro. Ana Gracinda Ramos completa a equipa técnica e é natural de Esmoriz, uma localidade próxima de Espinho e também ela muito ligada ao voleibol, seja ele de praia ou indoor.
“O nosso objetivo principal e imediato é o de renovar o titulo nacional, tentar o tricampeonato, mas sempre tivemos intenções de conseguir mais, de participar em provas internacionais. Não tem sido possível, devido a questões financeiras. Mas esse é o objetivo a curto prazo, depois veremos o que podemos fazer mais, conforme os apoios que tivermos”, salienta Tânia, durante a viajem para Portimão, onde este fim-de-semana (5 e 6 de agosto) se disputa uma das maiores etapas do Campeonato Nacional de Voleibol de Praia.
Na primeira etapa, disputada na Costa da Caparica, foram a dupla vencedora. Na segunda, na ilha de S. Miguel, nos Açores, repetiram o feito e, na terceira, na praia da Baía, em Espinho, mantiveram o registo vencedor.
“Somos um pais de futebol. O trabalho da federação devia começar por aí, pela divulgação do voleibol a nível nacional. Se não temos mais parceiros, eu penso que o problema está na falta de divulgação e aposta por parte da federação. As outras duplas que disputam o circuito internacional contam com a aposta das suas respetivas federações, que experimentam colocá-las nas ‘World Tours’ e apostam nelas durante uns anos. Em Portugal, infelizmente dependemos de nós e dos nossos meios para podermos jogar lá fora. Se a federação não divulga, os parceiros não investem… Nós não temos ajuda financeira e isto envolve muitas despesas. Andar a jogar fora o ano todo implica gastos de 30 a 40 mil euros e não jogando o circuito mundial não conseguimos juntar os pontos necessários para entrar nos Jogos Olímpicos ou para disputar as provas rainhas da modalidade, os campeonatos do mundo e europeus. temos que quebrar essa tendência. Temos um areal incrível, uma costa magnífica, praias excelentes, mas ninguém faz essa aposta”, lamenta Juliana, apresentando, depois, algumas soluções, numa prova de que o treino e o jogo não são as únicas preocupações desta dupla bem-sucedida.
“Se aliassem o voleibol ao futebol praia, teríamos mais hipóteses na área da divulgação. É importante chamar mais pessoas à praia, mas isso não passa por nós. Ainda não conseguimos fazer mais pelo voleibol de praia”, prossegue, referindo também que ainda não há condições para os clubes apostarem especificamente nessa modalidade.
Sobre esta próxima etapa, no Algarve, rumo ao tricampeonato, garantem que entrarão nela “como sempre, com o objetivo de ganhar” e nem as diversas condicionantes as fazem equacionar outra hipótese.
“Este ano ainda não apanhámos nenhuma etapa como esta, é a mais quente que vamos encontrar. A verdade é que, noutros anos, já competimos em situações semelhantes e, por isso, estamos habituadas a estas diferenças, ao clima, ao vento, ao piso… A areia também é diferente, mas isso faz parte e é igual para todos”, garante-nos Tânia Oliveira.
Independentemente do que venha pela frente, sabem que, nas suas lutas, poderão contar com o apoio de familiares, amigos, adversárias e, claro, da Move Notícias também, face a uma parceria levada a cabo no sentido de lhes permitir a divulgação necessária para partirem para voos mais altos. Aqueles para os quais as duas estão talhadas…
“Não poderia ter sido melhor para nós. Veio mesmo no tempo perfeito. Veio dar-nos uma ajuda incrível, sobretudo na divulgação da dupla e da modalidade em si. Para nós será muito importante estarmos associados a esta grande empresa, que é a Move Notícias. É uma marca de excelência. É a rampa de lançamento para que as pessoas nos comecem a conhecer e ao nosso projeto. É mesmo muito importante.”