Educar filhos carinhosos e resilientes é a tarefa mais difícil para qualquer pai. Nunca acaba, mesmo quando se tornam adultos e saem de casa. Tal como nunca terminam as dúvidas, responsabilidades e crises de nervos aos pais por não saber se, no final, terão êxito no desafio de criá-los. Na falta de uma receita infalível, conheça as cinco dicas dos psicólogos de Harvard para passar já à ação com os mais novos.
1. Alargue o círculo de afetos
Quase todas as crianças se interessam por um pequeno círculo de familiares e amigos próximos, mas aos pais cabe ajudá-las a abrirem-se também às perspetivas e anseios do novo aluno que têm na turma, por exemplo. Ou de alguém que não fale a mesma língua, não seja popular na escola, não tenha os gadgets da moda.
Num mundo global como o nosso, é importante educar os filhos para a diversidade de culturas e a necessidade de respeitar o que é vulnerável, diferente ou até estranho, sem discriminar. Ensine-os a interessarem-se pelas vivências dos outros. A dizerem “bom dia” e “obrigado” sem olhar a quem. A tratarem com igual gentileza o médico, a senhora da limpeza, os professores da escola e todas as pessoas presentes na sua vida quotidiana.
2. Ajude-os a equilibrar emoções
Nem tudo na vida são rebuçados e flores: por melhor que se eduque um filho para ser amável e justo, trabalhador e feliz, também haverá momentos em que vai sentir coisas menos positivas como inveja, egoísmo, ira – e está tudo bem, faz parte.
É uma questão de os ensinarmos a lidar com essas emoções sombrias de forma produtiva, aprendendo com os erros e assumindo a responsabilidade pelos seus atos, por mais que se envergonhem do que fizeram (nunca, mas nunca, culpem outra pessoa para se livrarem de um castigo, por exemplo).
3. Ensine-os a ter cuidado com os outros
Da mesma forma que é necessário treinar incansavelmente até se conseguir tocar bem um instrumento ou nadar os 200 metros bruços, é preciso praticar esta competência de cuidar dos outros e mostrar gratidão por quem cuida de nós. Nunca é tarde para começar em nenhum dos casos, apenas perseverar até sair naturalmente.
Incentive o seu filho a ajudar um colega com os trabalhos de casa, a colaborar nas tarefas domésticas, a cuidar dos irmãos. E de caminho desenvolvam juntos o sentido de gratidão pelo que a vida nos traz de bom. Assim alarga a sua flexibilidade cognitiva, crucial para o crescimento humano.
4. Seja um exemplo
Weissbourd considera fundamental os pais saberem dar o exemplo, já que as crianças aprendem os valores éticos por que se regem observando os adultos que mais respeitam.
Daí ser tão importante mostrar-se coerente nas suas próprias atitudes de honestidade, justeza e empatia: se respeitar os outros, a tendência é o seu filho fazer o mesmo; se tiver crises de prepotência e desconsideração constantes, idem.
E não, os pais não têm de ser modelos de perfeição o tempo todo: essa tal coerência consigo mesmos implica saber reconhecer erros e defeitos para que as crianças confiem em nós. E saber ouvir o que elas têm para nos dizer. E juntos descobrirmos que tudo na vida tem várias perspetivas e há sempre maneira de nos ligarmos aos outros para fazer o bem.
5. Faça da empatia uma prioridade
A maioria dos pais tende a priorizar a felicidade e os feitos dos filhos acima de tudo na vida, quando o ideal é eles aprenderem a equilibrar as suas próprias necessidades e vontades com as dos outros.
“As crianças precisam de adultos que as ajudem a tornar-se compreensivas, respeitadoras e responsáveis pelas suas comunidades em cada fase da infância», defende Richard Weissbourd, psicólogo de Harvard e um dos autores do projeto Making Caring Common, que ajuda a educar para a empatia.
E aqui cabe aos pais orientarem os seus filhos neste sentido, ensinando-os a enfrentar os problemas e a escutarem os demais antes de desistirem de uma equipa, um desporto ou uma amizade.
Certifique-se de que a criança se dirige sempre de forma respeitosa aos outros mesmo estando cansada, zangada ou distraída. Tão importante como serem felizes é serem gentis.