Mais de 10 mil gostos e 1700 partilhas em apenas quatro horas. O humorista reagiu esta terça-feira no Facebook ao discurso de ontem do Primeiro-Ministro e fê-lo de forma direta e eficaz.
“Há uma coisa que aos olhos de Portugal afasta António Costa desta tragédia e que deixa um vazio tremendo em quem procura uma palavra de conforto: a arrogância do discurso. Numa altura destas esperava-se muito mais do que uma pose altiva e palavras frias e técnicas”, começou por escrever Bruno Nogueira.
“Esperava-se mais do que o absolutamente necessário e óbvio visitar das vítimas e dos locais consumidos pelo fogo. Esperava-se que o primeiro-ministro de Portugal tombasse com quem tombou para dizer que agora nos íamos erguer todos juntos, custe o que custar. Esperava-se que o lado humano espreitasse e nos dissesse que a dor de ver isto tudo é suficiente para baixar por momentos a guarda e falar mais do coração e menos da cabeça”, reforçou.
“Palavra que queria ter visto isso nos olhos e nas palavras de António Costa, mas acabei por ver só um político que num momento decisivo deixou que o ego crescesse mais do que as chamas”, rematou, sendo que a publicação tornou-se viral no Facebook e com direito a mais de 390 comentários.
Quem também deixou críticas, igualmente de forma eficaz mas indiretamente, foi Marcelo Rebelo de Sousa.
O Presidente da República fez uma comunicação ao país esta noite de terça-feira e, além de salientar as perdas humanas e a fragilidade de todo um povo, disse que tem de se pedir desculpa aos portugueses. Coisa que António Costa não fez.
“É justificável que se peça desculpa. É por um lado reconhecer humildade e, por outro, romper o que motivou a fragilidade, desalento ou descrença dos portugueses. Quem não entenda isto, não entendeu nada do essencial que se passou neste país”, alertou Marcelo.
Para o Chefe de Estado, “estas mortes representam a fragilidade”, referindo-se aos 41 mortos (e o número ainda pode aumentar).
“Os portugueses ficaram fragilizados perante a ideia da impotência”, continuou, salientando que “esta é a última oportunidade para levarmos a sério a floresta, senão será uma frustração nacional”.
O Presidente da República pediu ainda ao governo o dever de “tirar todas as conclusões do relatório de Pedrógão” e que se “se dêem margens orçamentais” para a aposta na floresta e na prevenção.
“Os governos passam”, disse em jeito de dica. “As mudanças são indispensáveis e inadiáveis. A única forma de pedir desculpa é romper com a fragilidade”.
Fotos: Facebook