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Calamidade: Incêndios deixam Portugal de luto

O País cumpre hoje o primeiro de três dias de luto nacional decretados pelo Governo em homenagem às 37 vidas perdidas nos incêndios que assolaram o Centro e o Norte nos últimos dias. A tragédia, que feriu mais de 70 pessoas, matou gado, destruiu casas, habitações de férias, aviários, pensões, explorações agrícolas, e consumiu floresta, carros e também redes de telecomunicações furiosamente, está finalmente em fase de rescaldo.

Não há nenhum foco de incêndio ativo em todo o País. Resta agora continuar as operações de vigilância, que decorrem com 2700 soldados da paz, apoiados por mais de 800 viaturas.

Foram dezenas de pessoas evacuadas, das suas casas, dos lares onde passam a velhice, crianças e adultos fugiram às chamas porque os meios de socorro não eram suficientes para salvar tudo e todos. Uns salvaram-se, outros encontraram a morte, dentro de casa, na estrada, dentro dos carros. Fugiram para a morte.

No concelho de Santa Comba Dão, um senhor de 76 anos fugiu de motorizada pela estrada nacional de São Jorge, na freguesia de São Joaninho, onde também morreram mais 4 pessoas. Foi encontrado sem vida, consumido pelas chamas vorazes.

Uma idosa de 90 anos, em Vouzela, onde os habitantes falam em desgraça total, perdeu a vida durante a fuga às chamas. Um casal de Setúbal perdeu a vida, quando o fogo seguia em direção de Tondela. Houve quem ficasse sem nada para comer, como relataram alguns habitantes da Guarda, pois viviam dos terrenos agrícolas que perderam nos incêndios.

Muitos ficaram feridos no combate às chamas, civis e bombeiros. Há 20 profissionais com marcas do horror entre as vítimas. E do total dos 71 feridos confirmados pela Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) esta manhã, há 15 em estado muito grave. Dos sete desaparecidos, só uma pessoa ainda não foi localizada pelas autoridades.

António Costa visitou esta manhã algumas vítimas que estão internadas na Unidade de Queimados do Hospital de Coimbra. O Primeiro-Ministro passará o dia em reuniões e encontros com o poder local, nas zonas afetadas pelas chamas.

Numa voracidade indescritível, empurrados por ventos de cerca de 80 km/h os incêndios dos últimos dias deixaram um rasto de destruição e desalento. Só no domingo arderam 54 mil hectares. Resta agora um lento e cinzento regresso à normalidade, em cenários que mais parecem imagens de guerra.

Texto: Ângela Lopes
Imagens: Redes Sociais