Representantes do Governo Português, políticos, especialistas, médicos e associações de doentes e grupos de ativistas na área da hepatite C reuniram-se em Bruxelas para anunciar a sua intenção de trabalhar em conjunto com o objetivo de eliminar o vírus da Hepatite C em Portugal até 2030, ao assinarem o “Manifesto pela Eliminação da Hepatite C”.
O evento sucedeu à primeira Cimeira Política Europeia dedicada à eliminação do vírus da Hepatite C (VHC) na Europa que aconteceu em Fevereiro de 2016, em Bruxelas, e durante a qual foi apresentado o Manifesto pela Eliminação da Hepatite C, que delineava questões políticas para a eliminação da hepatite C na Europa até 2030.
“Depois de 25 anos de pesquisa, os investigadores desenvolveram os meios para se curar a hepatite C com eficácia, tornando a eliminação da hepatite C na Europa na próxima década uma possibilidade genuína. Mas a ação política ao nível nacional tem de tornar isto possível, especialmente num País como Portugal onde a infeção por hepatite C é um enorme desafio de saúde pública”, afirmou Angelos Hatzakis, Presidente da Associação Hepatitis B and C Public Policy.
“O nosso Manifesto pela Eliminação serve de plataforma de reunião para políticos e ativistas Europeus e nacionais. Se agirmos agora, a Europa estará livre da hepatite C em 2030”, continuou.
O VHC é um grave problema global de saúde pública com taxas significativas de morbilidade e mortalidade. Cerca de 180 milhões de pessoas estão infetadas mundialmente. Entre 350 e 500 mil pessoas morrem anualmente de causas relacionadas com o VHC.
Na Europa, 15 milhões de Europeus estão infetados e morrem mais pessoas com o VHC do que com HIV. Apesar do controlo efetivo Europeu da epidemia, o vírus continua a propagar-se de forma não detetável, como uma “pandemia silenciosa” na Europa, pois as pessoas raramente têm sintomas durante os primeiros 20-30 anos.
Adicionalmente ao sofrimento dos doentes, o custo económico da doença é significativo devido aos custos diretos da saúde e indiretos com a perda de produtividade de trabalho.
Em Portugal, a partir de julho de 2017, mais de 17 591 pessoas foram diagnosticadas com VHC crónica e incluídos no registo nacional de VHC. Todos os seus tratamentos foram autorizados e, desses, 11 792 pessoas com VHC já começaram o tratamento. Por fim, 6 639 pessoas com VHC estão clinicamente curados com taxa de resposta de 96,5% SVR.
A eliminação de uma doença destina-se a reduzir a zero a incidência de uma doença específica em uma área geográfica definida como resultado de esforços deliberados.
A eliminação do VHC foi tornada possível por avanços terapêuticos recentes, que tornaram o vírus curável na maioria dos casos – as taxas de cura evoluíram de 6% em 1991 (primeiro tratamento com interferão aprovado para VHC) para mais de 90% em 2014 (antivirais de ação direta introduzidos).
Abordagens e estratégias holísticas para melhorar o conhecimento geral, aumentar os testes para pessoas em risco e encaminhar as pessoas infetadas a cuidados de saúde específicos precisam de ser desenvolvidos.