A cantora tinha surpreendido tudo e todos ao anunciar que tinha sido submetida no verão a um transplante de rim, órgão doado pela amiga Francia Raísa.
Agora as duas deram a primeira entrevista após o transplante que salvou a vida de Selena Gomez, que já tinha o rim a falhar por causa da doença de Lúpus.
E a intérprete de ‘Bad Liar’ revelou que foi obrigada a submeter-se a uma cirurgia de emergência – que durou seis horas – apenas duas horas depois do transplante, já que o rim se começou a virar no seu corpo.
“Lembro-me de acordar duas horas depois [da cirurgia], vi a minha mãe, vi o meu padrasto e senti-me bem. Senti-me realmente bem. Ainda a fui ver [a Francia] e disse-lhe que a amava. Voltei ao meu quarto e comecei a tentar adormecer e, no meio desse processo, comecei a hiperventilar e havia tanta dor”, disse Gomez à repórter Savannah Guthrie no ‘Today Show’.
“Os meus dentes estavam a ranger, eu estava a enlouquecer. Era uma cirurgia de seis horas que eles tinham que fazer comigo e o processo normal de rim é na verdade duas horas. Aparentemente, uma das artérias tinha virado. Sou muito grata por haver pessoas que sabem o que fazer nesta situação”.
Selena também recordou o momento em que percebeu que tinha mesmo de receber um rim. “Eu tinha artrite, os meus rins estavam a falhar, a minha mentalidade era apenas continuar. Eu não percebi o quanto isso estava a afetar o meu corpo”.
Francia percebeu a gravidade da situação quando viu a amiga, com quem vivia, a ter dificuldades até a abrir uma garrafa de água.
“Um dia ela chegou a casa e ficou emocionada. Eu não tinha perguntado nada, eu sabia que ela não se tinha sentido bem. Ela não conseguiu abrir uma garrafa de água um dia. Ela abanou-a e começou a chorar e eu disse: ‘O que há de errado?’ E foi quando ela me disse: ‘Eu não sei o que fazer, a lista tem sete a dez anos de vida’. E eu disse logo: ‘Claro que vou testar [a compatibilidade para ser dadora].”
Entre fazer os testes físicos e psicológicos e ser dadora passou-se um dia. O normal são seis meses, mas a situação de Selena era de emergência. A cantora disse que nunca pensou em pedir isso aos seus familiares e pessoas mais próximas, por achar que não tem o direito de pedir algo tão difícil, mas que ficou admirada por Francia ser compatível.
As probabilidades estavam assim do lado das duas amigas. Na noite antes do transplante, fizeram tranças no cabelo e comeram muito. “Pensei que encomendei demasiada comida”, brincou Gomez.
“Quando acordei, estava mesmo calma”, lembrou Raísa, que teve de fazer um testamento caso não acordasse da cirurgia.
“Quando disseste à tua mãe, ela foi do género: ‘O que estás a fazer’?”, recordou Selena, referindo-se à forma como a família da atriz recebeu a notícia.
“A minha mãe não queria estar lá até que eu acordasse. Ela adora a Selena e estava dividida”, acrescentou Raísa.
As duas conseguiram ficar no mesmo quarto de recobro, mas não podiam andar mais de uma hora por dia no hospital (em terreno plano, sem poderem subir e descer escadas) e dependiam de todos para tratar da sua higiene e para tudo o resto.
“Foi difícil porque tinhas de andar sempre a pedir ajuda. Penso que uma das experiências mais humildes foi o facto de precisares de ajuda para vestires a roupa interior. Não conseguíamos tomar banho sozinhas. Foi um processo realmente brutal”, confessou Francia.
As amigas contaram esta história para “ajudar outras pessoas”. “É muito difícil pensar ou mesmo engolir, especialmente agora que, assim que recebi o transplante de rim, a minha artrite desapareceu, meu lúpus tem uma probabilidade entre três a cinco por cento de nunca mais voltar, a minha pressão sanguínea, a minha energia, a minha vida tem sido melhor”, frisou Selena.