Foi sem música e apenas com o som da natureza de fundo que se apresentou a nova coleção do estilista. Dino Alves fechou o segundo dia da 49ª edição da ModaLisboa, este sábado à noite, e fê-lo com “Silêncio”.
O tema da coleção é mesmo esse e tem um fundamento. “A seguir a um desfile [em março, de apresentação da coleção para este inverno] em que fiz algum estardalhaço e me fartei de dizer coisas quis fazer uma outra espécie de manifesto”, explicou Dino Alves.
Para o designer de moda, “o silêncio é uma ótima arma” e, “às vezes, fala mais do que muitas palavras”.
Por isso o Pavilhão Carlos Lopes mergulhou no silêncio, ainda que com tanta gente na plateia.
Vestidos negros, simples, com “alguns detalhes de ruído”, porque “no silêncio há sempre o chilrear de um pássaro, uma sirene, uma coisa qualquer”.
“O tema, o conceito, é uma fonte de inspiração que depois nos leva para coisas às vezes até antagónicas”, disse Dino Alves.
As riscas, em amarelo, mas também em renda, da mesma cor da peça que adornam, “podem simbolizar as barras do som dos equipamentos, das mesas de som, que andam sempre para cima e para baixo”.
O vermelho de alguns tecidos “representa um grito ou um berro” e as cores mais suaves “formas mais dóceis de falar”. Alguns detalhes nas peças em cores mais ácidas “representam ruídos”.
As manequins que encerraram o desfile, com cubos pretos a taparem-lhes a cara, são “a imagem do silêncio”, já que “uma pessoa que não tem boca e não tem olhos não pode mesmo dizer nada”.
Um paradoxo num certame sob o tema “Luz”.
Veja as fotos da coleção de Dino Alves:
Fotos: ModaLisboa