“Foi tudo uma perda de tempo e de esforço”. Foi desta forma que o cantor britânico descreveu a sua vida numa entrevista que deu à MTV e foi incluída num novo documentário, intitulado ‘George Michael: Freedom’, que estreia na próxima semana no Channel 4 na televisão britânica.
O artista esteve envolvido na realização do filme, que conta com entrevistas ao próprio mas também a colegas e amigos como Elton John, Liam Gallagher, Kate Moss, Stevie Wonder, Naomi Campbell ou Mary J. Blige, até dois dias antes de morrer, a 25 de dezembro.
Questionado sobre a forma como gostaria de ser recordado depois de morrer, respondeu: “Como um grande escritor de canções. E espero que as pessoas pensem em mim como alguém que tinha alguma integridade”.
No novo documentário, cujo trailer já está disponível, George Michael falou dos piores momentos da sua vida: as mortes da mãe e do primeiro amor.
Em relação ao namorado, conheceram-se em 1991 quando o cantor estava no Brasil para atuar na 2ª edição do Rock in Rio, realizado no Estádio do Maracanã. George Michael viu o estilista brasileiro Anselmo Feleppa no lobby do hotel e logo iniciaram uma relação amorosa.
Isto tudo anos antes do britânico assumir a homossexualidade perante os fãs e o mundo. Seis meses após o início do relacionamento, o estilista descobriu ser portador do vírus VIH/SIDA e rapidamente passou a sofrer as consequências da doença.
Mas o amor de Michael, na altura com 27 anos, era algo especial e passou a cuidar do namorado, que morreu em 1993.
“Foi um primeiro amor muito estranho”, disse o artista.
O documentário retrata um período de cinco anos da vida de George Michael e é narrado na primeira pessoa. Além do romance com Anselmo, fala também do seu álbum ‘Listen Without Prejudice Vol 1’, que tinha lançado pouco antes de conhecer o brasileiro, e da batalha contra a discográfica Sony. Aliás, a Sony irá relançar esse álbum a 20 de outubro, na mesma altura do documentário.
Uma fonte que viu o filme disse ao ‘Mirror’: “O George fala de forma muito emocionada sobre Anselmo, sendo o primeiro amor de sua vida e o quanto ele era importante na sua vida. É muito emocional e ele claramente nunca o esqueceu e deixou uma enorme impressão no George”.
Foi para o estilista que o artista até escreveu as músicas ‘Jesus to a Child’ (1996) e ‘Please Send Me Someone – Anselmo’s Song’ (2004).
Com a morte de Anselmo, George Michael entrou numa “espiral depressiva”. “Em seis meses eu sabia que ele era um doente terminal. Era relacionado com SIDA, provavelmente apanhou isso em Nova Iorque. Então foi um primeiro amor muito estranho. Foi muito distorcido pela situação. Este foi o primeiro amor de toda a minha vida”, revelou numa entrevista em 2007.
“Só houve três vezes em que realmente me apaixonei por alguém. E de cada vez, à primeira vista, algo clicou na minha cabeça que me disse que eu ia conhecer essa pessoa. E aconteceu com Anselmo num lobby”, referiu no documentário.
Quando já se estava a recompor da perda de Anselmo, soube que a mãe Lesley tinha cancro. A morte desta, em 1997, atirou-o ainda mais para a depressão, uma condição que corre na sua família. Começou a tomar Prozac e a fumar canábis.
“Perdi o meu parceiro para o HIV, demorou cerca de três anos a fazer o luto; depois perdi a minha mãe. Senti-me quase como se estivesse amaldiçoado”, contou, confirmando ainda ter sido viciado em várias drogas.
Este amor serviu para derrubar barreiras, até para o próprio George Michael. “É muito difícil sentir orgulho de sua sexualidade quando ela nunca lhe trouxe alegria, mas, quando tu encontras uma pessoa que realmente amas, não é tão difícil assim. Anselmo rompeu as minhas barreiras e mostrou-me como viver realmente, como curtir a vida”, disse numa entrevista em 2005.
Quanto ao último amante de George, o namorado Fadi Fawaz que encontrou aquele morto na cama na manhã de Natal de 2016, não entra neste novo documentário.