Álbuns da Semana

A acústica tribalista fechada em crioulo cabo-verdiano e num cofre anti-hackers

Quinze anos após o sucesso do primeiro trabalho, o grupo brasileiro ‘Tribalistas’ lançou o segundo álbum, igualmente homónimo. Primeiro no formato digital e agora no plano físico, este novo disco surpreendeu os fãs.

No dia da apresentação, no passado mês de agosto, na página do Spotify no Facebook, foram mais de 5 milhões os seguidores que ouviram os temas que compõem este novo trabalho, o que diz bem da marca que o grupo composto por Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown deixou no mundo da música.

TRIBALISTAS

Com uma sonoridade idêntica à do primeiro trabalho, os ‘Tribalistas’ voltam a assumir uma abordagem de preocupação com os problemas do Brasil, em particular, e do Mundo, em geral. E, desta vez, abriram o grupo a mais três elementos, pois contam com participações do guitarrista Pedro Baby, do multi-instrumentista Pretinho da Serrinha e da fadista portuguesa Carminho.

Os protagonistas do grupo contaram que gravaram uma canção por dia e as diferentes performances foram sempre registadas em vídeo. O álbum conta com dez temas e deles sobressai os elementos acústicos, conforme se pode constatar na música ‘Um Só’.

Prosseguindo num registo de música com origem na língua portuguesa passamos para o álbum que marca o regresso de Sara Tavares às edições discográficas. Com o nome ‘Fitxadu’, este é o quinto trabalho de originais da cantora que se mostrou ao país através do talent-show ‘Chuva de Estrelas’.

Com a qualidade a que nos tem habituado ao longo de mais de 20 anos, desta vez Sara Tavares partilha a composição das suas canções com nomes como os de Kalaf Epalanga, Toty Sa´Med, Manecas Costa, Bilan (Cachupa Psicadélica) Princezito e, entre muitos outros, Paulo Flores.

Sara Tavares

‘Fitxadu’, que significa “fechado” em crioulo cabo-verdiano, é composto por 11 temas e parece mostrar uma viragem da cantora para a sua comunidade, a Lisboa africana, com os sons e as danças que lhe são características.

E se há música neste trabalho que nos transporta para essas raízes de Sara Tavares ela é sem dúvida a que tem o nome de ‘Coisas Bunitas’. E é essa que lhe deixamos aqui para ouvir.

Para terminar as nossas sugestões musicais para a semana vamos continuar no bom português, neste caso o do brasileiro Chico Buarque. ‘Caravanas’ é o 23.º álbum de estúdio do músico e as gravações decorreram no Rio de Janeiro por um período de dois anos.

Seis anos após o último trabalho, este mais recente de Chico Buarque é composto por sete canções inéditas e duas também de sua autoria, mas já gravadas anteriormente. Em traços gerais pode dizer-se que ‘Caravanas’ reafirma o talento do compositor para o lirismo e a poesia.

Chico Buarque

Enquanto iam sendo feitas, as músicas deste trabalho eram guardadas num HD colocado dentro de um cofre, na sede da gravadora Biscoito Fino, para evitar que caísse nas mãos dos hackers. Esse cuidado é revelador da curiosidade que ‘Caravanas’ estava a suscitar entre os fãs de Chico Buarque.

Também por isso, não o faremos esperar mais e deixamos-lhe aqui o tema ‘As Caravanas’, que fecha o álbum e, no qual, Chico Buarque se refere à “reação da Zona Sul às caravanas de jovens pretos suburbanos que chegam às praias nos fins de semana de verão”.