Já alguma vez pensou pelo que passam as pessoas que têm uma experiência de quase-morte? Pois agora pode fazer isso, sem ter necessariamente de sofrer um acidente grave ou algo do género.
Para tal basta colocar um dispositivo de realidade virtual, criado pelo designer holandês Frank Kolkman, que permite experimentar o que sente uma pessoa na hora da morte.
A morte faz parte da vida do ser humano, mas pode acarretar consequências psicológicas, como a ansiedade, que poderão ter repercussões no nosso bem-estar.
Para combater a “ansiedade da morte” em pacientes terminais, Frank Kolkman criou um dispositivo esperando que assim a experiência possa reduzir a angústia provocada pelo conhecimento prévio da morte.
O dispositivo chama-se Outrospectre e é composto por uma cabeça robótica, equipada com uma câmara 3D em cada olho. Uma vez acionado, o aparelho afasta-se pouco a pouco da pessoa que está a experimentá-lo.
A cabeça artificial segue os movimentos da cabeça da pessoa em tempo real, e transmite a imagem e o som – através de óculos de realidade aumentada e fones – fazendo com que a pessoa tenha a perceção de que se está a afastar de si mesma.
O dispositivo de Kolkman baseia-se em imagens do ambiente real, em vez de se basear em imagens geradas por computador. Para que a experiência se torne ainda mais real, o designer acrescentou um pequeno martelo que bate no peito do participante, imitando o bater de um coração.
“A experiência torna-se mais credível quando o participante se apercebe do que está a acontecer — do ponto de vista mental — mas é, ao mesmo tempo, contrariado pelos seus sentimentos”, afirma Kolkman.
Os visitantes da Dutch Design Week, em Eindhoven, na Holanda, foram convidados a experimentar o dispositivo que explora como as novas tecnologias podem ser capazes de resolver problemas psicológicos, como o medo da morte.
Segundo a Dezeen, a maioria das pessoas que experimentaram o Outrospectre afirma que tiveram a sensação física de estar em dois locais distintos ao mesmo tempo.
Com o Outrospectre, Kolkman pretende provar que os designers podem ser capazes de introduzir uma nova cultura de aceitação da morte. “Atualmente, o foco da medicina é manter os pacientes vivos, em vez de melhorar a qualidade do tempo que lhes resta”, diz o designer, formado no Royal College of Art.
“O medo da morte é um tema negligenciado“, diz o designer. “Se começássemos a tratar a ansiedade em torno da morte, o processo poderia tornar-se mais confortável”. Frank Kolkman realça ainda que a maioria das pessoas morreu no hospital e que “as mortes foram, assim, transformadas em experiências médicas“.
Esta tecnologia ainda está em fase de desenvolvimento, mas o próximo passo é realizar testes científicos para que o instrumento possa ser utilizado no tratamento de doentes terminais, a fim de aliviar o seu último período de vida e combater o medo da morte.
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