Os anos passam, mas a essência permanece na estilista que, um dia, deixou a Madeira onde nasceu para seguir o sonho de fazer carreira na moda. Fátima Lopes chegou a Lisboa em 1990 e não tardou a lançar-se numa carreira que, no passado sábado, 4 de novembro, celebrou as bodas de prata onde ganhou forma em 1992: o Convento do Beato, na capital.
Antes do desfile que marcou os 25 anos de percurso profissional, Fátima Lopes assumiu-se mais nervosa do que o habitual por querer homenagear o próprio trabalho, mas também todos os que sempre a acompanharam, pois “nada se faz sozinho”.
E, num dia especial, a estilista teve muito dos que contribuíram para o seu sucesso, entre eles as modelos Marisa Cruz e Flor que mostraram na passerelle que quem sabe não esquece, sendo que foram das primeiras a trabalhar com a anfitriã.
Mas a história de Fátima começou quando, ainda adolescente, começou a desenhar as próprias roupas insatisfeita com o que as lojas do Funchal apresentavam. No entanto, antes de arriscar o design como profissional, foi como guia turística e agente de viagens que começou na terra natal até conhecer outras paragens.
A vontade e o gosto pela moda incentivaram-na à mudança, então, para o continente. Tinha 23 anos e começou por abrir um espaço onde vendia peças de criadores internacionais, mas não demorou dois anos a arriscar na marca e loja próprias.
Estavam lançados os dados para o sucesso que, entre altos e baixos, continua a somar. Isto depois de a empresa ter sido declarada insolvente em 2015, continuando a criar de forma independente pois “nunca esteve em causa a continuidade da marca”, como explicou na altura.
A adversidade despertou o engenho e, logo a seguir, Fátima arrancou com a primeira coleção comercial de sapatos que, em setembro de 2016, se estrearam na MICAM em Milão, Itália.
De origens humildes, a criadora nunca deixou de sonhar alto e, em 1999, foi mesmo a primeira portuguesa a integrar a Semana de Moda de Paris, mantendo presença na Cidade Luz até aos dias de hoje. E, foi lá que causou impacto quando, em 2000, apresentou o valioso biquíni em ouro e diamantes, avaliado em quase 1 milhão de euros.
Por esse e outros feitos levou o nome de Portugal além-fronteiras e, em 2006, acabou distinguida com o grau de Comendadora da Ordem do Infante D. Henrique pelo então presidente da República Jorge Sampaio.
Sempre imprevisível e determinada, surpreendeu ainda 2011 ao apresentar a sua coleção na Torre Eiffel que, pela primeira vez, serviu de cenário a um desfile, algo que se voltou a repetir depois com outros nomes e novamente com Fátima Lopes.
Apostada sempre na sensualidade feminina, a designer que começou a criar para as bonecas, define-se como “uma profissional exigente e uma workaholic com prazer” e isso nota-se na forma como se movimenta antes de cada passagem e respira fundo depois do fechar do pano.
Nos dias que correm, Fátima Lopes tem no atual marido, o cirurgião plástico Ângelo Rebelo, um dos principais apoios e admiradores, pois ele está sempre na primeira fila para aplaudir e elogiar o talento da cara-metade.
Juntos desde março de 2016, o casal oficializou a relação numa cerimónia recheada de simbolismo em Las Vegas, Estados Unidos, em junho do ano passado. Ao lado do médico, Fátima redescobriu o sentido do amor, depois do fim do primeiro casamento com o empresário Eduardo da Bernarda, em 2010, e de uma relação com o portuense António Pereira Coutinho.
Aos 52 anos, a madeirense que o mundo conquistou é a prova de que “a sorte protege os audazes” e, se dúvidas houver, o currículo descreve as provas de um trajeto em ascensão.