O ator e encenador português faleceu esta quinta-feira, aos 53 anos, vítima de um tumor cerebral. João Ricardo encontrava-se hospitalizado no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Quando recuperou do primeiro susto de saúde, há um ano, o ator revelou-se muito positivo. “Acredito que sou um indivíduo bafejado pela sorte”, contava na altura, depois de ter sido operado de urgência por causa de uma hemorragia cerebral, causada pelo tumor maligno cerebral que tinha.
Foi esse tumor que reapareceu, em outubro deste ano, que o levou.
Os últimos dias de vida passou-os em casa, acamado, onde recebeu a visita dos amigos, tal como tinha acontecido da primeira vez que travou a doença. Esta quinta-feira (23), voltou a ser internado de urgência, acabando por falecer.
João Ricardo dizia que foi “um bocado egoísta” na vida. Para quem começou a trabalhar aos 9 anos e aos 12 já era ajudante de motorista, aprendeu a “viver sozinho”.
Foi criado pela avó Joana, que foi a mulher da sua vida, depois dos pais se terem separado quando aquele tinha apenas quatro anos.
Aos 16 anos, João foi trabalhar para as obras e deixou um pouco da sua marca na construção do centro comercial Amoreiras, em Lisboa. Apesar do seu empenho, o pai era uma pessoa rigorosa e severa e não admitia falhas. Uma vez castigou-o. Não concordando com isso, saiu de casa e deixou de falar com ele.
Fugiu para Faro onde viveu como sem-abrigo e chegou “a roubar moedas para comer”. Depois disso viajou pela Europa, entre Nice e Cannes, cidades onde fazia teatro de rua e dormia onde calhava, fosse em bancos de jardim ou na praia.
Durante 12 anos o ator da SIC teve uma vida difícil, experimentou drogas leves e esteve muito perto de se tornar um criminoso. Salvaram-no Manuel Cavaco e António Parente. Acabou por se reunir com a família de novo, tanto a mãe como o pai.
A sua verdadeira paixão era o filho Rodrigo, de 12 anos. “O meu filho é a tábua em que me agarro. Precisa de mim e eu dele”.
António Parente, diretor da SP Televisão, que faz as novelas da SIC, garantiu a João Ricardo que vai ajudar a que o filho tenha todas as condições para continuar a estudar. “Fazemo-lo na certeza de que assim o ajudamos a partir tranquilo”, garantiu António Parente ainda durante a doença do amigo.
“Eu nunca vou morrer. Se tiver de morrer, porque é que eu não podia ir agora?” dizia depois de se sentir recuperado da cirurgia, ao ponto de recomeçar a trabalhar na novela “Espelho d’Água”, mas a sua personagem acabou por morrer por causa da recidiva o que o obrigou à retirada.
