Aos 42 anos, a atriz sabe bem o que quer, sempre com os pés bem assentes na terra, pois há muito sabe que nada é de “mão beijada” e que se move num meio onde, muitas vezes, “mais vale cair em graça do que ser engraçada”. Com uma carreira de 25 anos, Rute Miranda é valor seguro na representação, mesmo que isso nem sempre signifique fama.
Filha de pai portuense e de mãe alentejana, nasceu na Maternidade Júlio Dinis, no Porto, cidade onde continua a manter as bases e para onde corre sempre que termina um trabalho, até porque tem o marido, o modelo, Dj e professor de Educação Física, Ricardo Amorim, à espera.
“Estou sempre com um pé em Lisboa e outro no Porto, a minha vida familiar é essencialmente vivida no Porto, quando acabo de trabalhar na capital venho para cima, é uma opção minha e Portugal é tão pequeno que não me cansa, sou uma pessoa com muita energia não fico cansada com facilidade”, confessa Rute.
A paixão pela arte de representar começou bem cedo. “Sempre gostei de ler em voz alta, contar histórias entre peluches no meu quarto, o meu amigo imaginário em criança era uma presença forte, adorava escrever e inventar histórias”, recorda, com uma acentuação especial.
O clique deu-se, então, no nono ano, em que “tive uma professora de português que me ajudou e incentivou. Eu falava muito com essa professora e foi ela que me falou na escola de Teatro, abriu a ACE (Academia Contemporânea do Espetáculo no Porto) e eu fui iniciar os meus estudos em Teatro”, acrescenta Rute, lançando os dados por uma carreira cheia de trabalhos diversificados e papéis desconcertantes.
A estreia profissional em palco aconteceu aos 19 anos na Seiva Trupe. “O espetáculo chamava-se ‘Feliz Ano Velho’ e, dessa altura, guardei amigos até hoje”, conta a nossa protagonista que nunca mais largou os guiões.
Atualmente, podemos ver Rute Miranda na “segunda temporada do ‘Sim, Chef!’, na RTP 1 todas as quartas-feiras às 21 horas. “Fiz também a primeira temporada e não sabemos ainda se haverá outras, estou a aguardar indicações. No próximo ano vou estrear uma curta metragem em inglês, em festivais internacionais, dois espectáculos em 2018 e há mais ficção nacional no horizonte…”, partilha, entusiasmada com o trabalho.
O ano passado fez ainda o filme “Al Berto” que está nos cinemas e acabou “a participação no filme ‘Parque Mayer’ de António-Pedro Vasconcelos” que estreará no próximo ano. Para ela, “foi um privilégio, no curto espaço de um ano e meio, poder interpretar duas personagens completamente diferentes para duas longas metragens”.
Balanço feito, mas não fechado, “sou feliz com a vida que escolhi, realizada ainda não porque existem objetivos por cumprir, acho que nunca me sentirei totalmente realizada porque a seguir a um objetivo vem sempre outro, mas sou muito feliz com a minha vida”, concluiu a atriz de gargalhada aberta, mas sem papas língua quando se sente tocada.