A atriz mexicana juntou-se à lista de mulheres que acusam o outrora grandioso produtor de Hollywood de assédio sexual.
Salma Hayek – que já tinha revelado em tempos ter sido assediada por Donald Trump antes deste ser Presidente dos EUA – diz que tudo começou nas filmagens de ‘Frida’, em 2002, no qual ganhou o Óscar de Melhor Atriz e que foi produzido por Harvey Weinstein.
O produtor diz que não se recorda, mas há já uma estrela a demonstrar o seu apoio à atriz.
“Estou chocado e triste com os terríveis acontecimentos que a minha querida amiga, Salma Hayek, divulgou sobre o produtor Harvey Weinstein. A sua integridade, sua honestidade como mulher e como profissional fazem-me dar crédito absoluto às suas palavras”, reagiu Antonio Banderas no seu Instagram esta quinta-feira, dia 14.
O texto, escrito em espanhol e inglês, veio acompanhado de uma imagem do ator espanhol com a colega.
Salma Hayek revelou tudo num texto publicado no jornal ‘The New York Times’. “A palavra que ele [Weinstein] mais odiava era ‘não’. Disse-lhe que ‘não’ ia para o banho com ele, disse-lhe que ‘não’ a uma massagem, ‘não’ a sexo oral, ‘não’ para tantas outras coisas, disse-lhe ‘não’ um milhão de vezes”, escreveu a mexicana.
A atriz conheceu Harvey através do realizador Robert Rodriguez e decidiu convidá-lo para trabalhar no filme ‘Frida’. “Ele disse que sim. Mal eu sabia que chegaria a minha vez de dizer não””, recordou.
“Harvey ameaçava-me constantemente durante a produção, tornando-me alvo da sua ira maquiavélica”, descreveu, acrescentando que muito provavelmente foi o facto de ser amiga de Rodriguez “e Quentin Tarantino e George Clooney” que a salvou de ser violada.
“Tive de lhe dizer que não aos pedidos para lhe abrir a porta a altas horas da noite, hotel após hotel, local após local, onde ele aparecia sem avisar, incluindo um local onde eu estava a fazer um filme no qual ele nem sequer estava envolvido”, contou.
Salma adiantou que só não disse “não” quanto a voltar a trabalhar com Harvey Weinstein por ter feito “uma lavagem cerebral” a si mesma. “Escondi-me da responsabilidade de dizer algo nos últimos meses, porque achei que já haviam demasiadas pessoas a falar sobre esse monstro”.
“Estamos finalmente a encarar um vício que foi considerado socialmente aceitável durante por anos, e que humilhou milhões de mulheres como eu. Sinto-me inspirada por aquelas que tiveram coragem de levantar a voz”, frisou no texto.
E não é só. Durante as filmagens, Weinstein terá forçado Hayek a gravar uma cena de sexo com outra mulher na qual estaria completamente nua: “Tornou-se claro para mim que ele nunca me deixaria terminar o filme sem ele concretizar a sua fantasia fosse de que forma fosse. Não havia ali hipótese de negociação… Tinha de dizer que sim”.
Essa colega era curiosamente Ashley Judd, uma das primeiras celebridades a assumir ter sido vítima de assédio por parte do produtor.
Hayek disse ter tido um “colapso nervoso” durante as gravações dessa mesma cena. “O meu corpo começou a tremer de forma impossível de controlar, faltou-me o ar e comecei a chorar muito, sem conseguir parar, como se estivesse a vomitar lágrimas… Não foi por estar nua com outra mulher, foi porque estaria nua com ela pelo Harvey Weinstein”.
Os representantes legais de Weinstein já reagiram às acusações num comunicado oficial citado pelo USA Today. “O Sr. Weinstein considera Salma Hayek uma atriz de primeira classe e trabalhou com ela em vários dos seus filmes. Sentiu-se muito orgulhoso com a sua nomeação para o Óscar de Melhor Atriz por Frida e continua a apoiar o seu trabalho. O Sr. Weinstein não se recorda de pressionar Salma para fazer uma cena de sexo gratuita com outra atriz e não esteve lá durante as filmagens. De qualquer forma, isso fazia parte da história visto que Frida Kahlo era bissexual e a cena de sexo mais importante no filme foi coreografada pela Srª. Hayek e Geoffrey Rush”.
Fotos: Wikipedia e Reprodução do filme ‘Frida’