Depois de ter sido absolvido do crime de violência doméstica contra Bárbara Guimarães, Carrilho falou aos jornalistas.
“Estou aliviado, feliz, acho que se fez justiça. Chega para mim o fim de um verdadeiro calvário de quatro anos em que tantas falsidades se espalharam e em provas que não existiam”, reagiu o arguido esta sexta-feira, dia 15, depois da leitura de sentença que apenas o condenou a um crime de difamação.
Manuel Maria Carrilho não só foi absolvido do crime de violência doméstica, como também de 22 dos 23 crimes de difamação pelos quais estava acusado.
O antigo Ministro da Cultura terá por isso de pagar uma indemnização de 3 mil euros por danos morais à ex-mulher, relativamente a esse crime de difamação dado como provado, bem como foi por isso condenado a uma pena de multa de 900 euros.
A juíza teceu duras críticas à forma como a acusação do Ministério Público foi feita, sem provas, o que o arguido naturalmente corroborou. “Foi assente em provas que não existiam. E uma vítima que se veio a tratar de uma falsa vítima. Vou agora ter com os meus filhos que estão à minha espera e encontrar, nos próximos dias, uma oportunidade para falar com vocês todos”, prometeu aos jornalistas.
O acórdão, lido esta sexta-feira no Campus da Justiça em Lisboa, tem mais de 200 páginas, sendo que a juíza leu apenas a súmula e fez uma consideração no final de que o tribunal não era um sítio no qual as pessoas já vinham previamente condenadas e que tinham de ser feitas provas.
Ou seja, referiu-se ao facto do arguido já ser visto como culpado aos olhos da opinião pública.
Isto porque o tribunal entendeu que as provas físicas – aquelas que Bárbara Guimarães não fez no Instituto de Medicina Legal e que serviriam para mostrar as agressões de que teria sido alegadamente vítima – foram inconclusivas e os depoimentos das testemunhas não foram consistentes. E foi com base nessas duas formas de provas que o Ministério Público se baseou para fazer a acusação.
Bárbara Guimarães – que não esteve na leitura da sentença, mas estava naturalmente representada pelo seu advogado Pedro Reis – não fez as perícias, ninguém viu as agressões e as fotos não foram dadas como válidas nesta decisão.
A juíza disse ainda que Dinis e Carlota precisam de uma mãe, de um pai e de uma família que os apoie.
Aos jornalistas, o advogado do arguido disse que já estava à espera desta sentença, mas vai apresentar recurso (provavelmente quanto ao facto de Carrilho ter sido condenado por um crime de difamação, ainda que o causídico não o tenha confirmado aos repórteres).
“Deixa-me muitíssimo satisfeito. Foi feita justiça”, disse Paulo Sá e Cunha, enaltecendo o “profundo humanismo revelado pelo tribunal, coisa rara”.
“O que se lamenta é que esta acusação não devia ter sido deduzida pelo Ministério Público. Deveria ter sido feita com base nos indícios que o inquérito deu”, frisou o advogado.
Fotos: César Lomba