Um novo mecanismo biológico responsável por regular a quantidade de gordura corporal acaba de ser descoberto por uma equipe de cientistas suecos, segundo um estudo publicado nesta semana no periódico ‘Proceedings of the National Academy of Sciences’.
De acordo com os estudiosos, o mecanismo funciona como um tipo de “balança” interna, que usa as extremidades inferiores do corpo para estimar o peso e controlar o apetite, aumentando ou diminuindo a gordura corporal de acordo com a necessidade.
Até o momento, o estudo foi realizado apenas em camundongos, mas os cientistas acreditam que um controlo parecido está presente também em humanos.
A descoberta pode ajudar a compreender a como a obesidade se desenvolve num paciente e auxiliar na criação de novos tratamentos para a doença.
“O peso do corpo é registado nas extremidades inferiores. Se o peso corporal tende a aumentar, um sinal é enviado ao cérebro para diminuir a ingestão de alimentos e manter o peso constante”, explica o fisiologista e líder do estudo John-Olov Jansson, da Universidade de Gothenburg, na Suécia, em comunicado.
Segundo o especialista, esse é um dos motivos pelos quais pessoas que permanecem muito tempo sentadas têm um maior risco de se tornarem obesas.
Quando estamos nessa posição, a nossa “balança” interna é enganada e faz o nosso cérebro pensar que somos muito mais leves do que a realidade.
Por causa disso, acabamos por receber sinais para aumentar a nossa ingestão calórica com o objetivo de “retornar” ao peso que o nosso corpo está acostumado.
Para chegar à descoberta, Jansson e sua equipe reuniram um grupo de roedores obesos e prenderam a alguns deles pequenos pesos artificiais.
Com o tempo, os camundongos com os pesos começaram a perder gordura corporal naturalmente – e os pesquisadores notaram que o valor da diferença era exatamente igual ao valor dos pesos adicionais.
A conclusão, então, foi que algo dentro do corpo era capaz de detetar quando ocorria um aumento de peso e trabalhar para retornar ao peso original, independentemente de qualquer monitorização na dieta.
Esse mecanismo capaz de regular a gordura corporal foi o primeiro a ser descrito desde a descoberta da leptina, um hormónio regulador do apetite, em 1994.
A leptina é produzida principalmente no tecido adiposo (gordura) e varia a sua concentração de acordo com a quantidade de células presentes nele. Porém, os cientistas já sabiam que esse hormónio, sozinho, não seria capaz de se tornar um tratamento eficaz para a obesidade.
“O mecanismo que nós identificamos regula a gordura corporal independentemente da leptina”, disse o co-autor Claes Ohlsson, também da Universidade de Gothenburg. “É possível que a leptina combinada com a ativação da balança interna do corpo se possa tornar um tratamento efetivo para a obesidade.”
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