Os associados da Raríssimas – Associação Nacional de Deficiências Mentais e Rara estiveram esta quarta-feira reunidos em assembleia geral extraordinária para eleger os novos membros da direção, depois da presidente ter sido suspensa de funções por suspeitas de uso indevido dos dinheiros da instituição.
Da lista candidata à direção constavam seis mães, um pai e dois colaboradores da instituição. E Sónia Laig – mãe de uma menina, de 3 anos, utente da instituição – foi a vencedora e passa assim a suceder a Paula Brito e Costa.
“Tenho toda a motivação dentro de mim para continuar este projeto. É importante que toda a gente compreenda a importância de uma instituição como a Raríssimas. Parei a minha atividade profissional há três anos com uma licença para acompanhar a minha filha em todos os tratamentos diários”, disse aos jornalistas, na Casa dos Marcos, na Moita.
“Quando aconteceu este caso todo eu naturalmente senti-me na obrigação de agir e fazer qualquer coisa para ajudar e dar continuidade à Raríssimas. A Raríssimas continua a existir e a ajudar as famílias”, continuou, frisando que o escândalo não irá ‘manchar’ o seu novo cargo.
“Desde que haja vontade… Podemos não ter toda a formação técnica e jurídica, mas temos uma vontade gigante. Temos perfeita noção que não vai ser simples, que vai ser uma luta”, salientou.
A restante direção é composta pela vice-presidente Mafalda Costa, mãe de uma utente e diretora técnica duma valência da Casa dos Marcos; o tesoureiro Rui Ramos, um fisioterapeuta na delegação norte da Raríssimas; o secretário Fernando Alves, pai dum utente na Casa dos Marcos; Rosalina Santos, vogal suplente da direção, mãe de um utente.
Os eleitos tomam posse, sexta-feira às 10 horas, na Casa dos Marcos, na Moita.
Paula Brito e Costa foi constituída arguida e está sujeita apenas a Termo de Identidade e Residência (uma medida automática a partir do momento em que se é constituído arguido), mas poderá ver a medida de coação agravada quando for presente a um juiz.
A ex-presidente da Raríssimas e ainda directora da Casa dos Marcos é suspeita da prática dos crimes de peculato, falsificação e recebimento indevido.
O “caso Raríssimas” teve origem numa investigação da TVI, divulgada no dia 9.
A reportagem mostrou documentos que colocam em causa a gestão de Paula Brito e Costa à frente da instituição de solidariedade social e um alegado uso do dinheiro destinado à associação Raríssimas e à Casa dos Marcos (criada para tratar e acolher pacientes com doenças raras) em gastos pessoais.
A Raríssimas foi fundada em abril de 2012 para apoiar pessoas com doenças raras, que se estima afetarem cerca de 800 mil portugueses.