Imagine-se nesta situação: começou a correr há pouco tempo, o seu parceiro corre quatro dias por semana, participa em corridas e está a preparar-se para a sua terceira maratona. Por que não juntarem-se para alguns treinos?
Se alguns o podem ver como algo de positivo para o casal, como um ‘relationship goal’, outros consideram o correr juntos como um entrave, já que o treino deve ser pessoal e não algo forçado que prejudique tanto a corrida como a vida a dois.
Quem defende esta ideia é Joan Duda, professora especialista em motivação para desporto e exercício da Universidade de Birmingham que expôs o assunto no ‘The Guardian’. A especialista começa por explicar que um parceiro de corrida é de facto positivo, já que sustenta e motiva a atividade física.
Contudo, a corrida, tal como qualquer treino, deve basear-se em três fatores: competência, autonomia e sentimento de pertença – é da junção destes três pilares, ou da incompatibilidade entre eles, que pode surgir o problema.
Quando corremos, devemos definir um objetivo e sentimo-nos competentes e autónomos sobre este objetivo, sobre o qual temos voz e escolha, alerta Duda. Além desta autonomia, é importante não descurar o sentimento de pertença a um pequeno grupo, neste caso, para com o seu parceiro de corrida que deve apoiar sem julgar.
Se todos estes aspetos estiverem bem definidos, correr acompanhado pode ser bastante benéfico, contudo, Joan Duda alerta para a frequente tensão, que distrai o casal dos fatores em que se deve basear durante o treino como o julgamento ou competição que se sobrepõem à autonomia.
A ilustrar a separação entre treino pessoal e vida de casal, a especialista recorda o caso extremo de uma paciente que é casada com um personal trainer que conta com um ginásio completo em casa. Quando decidiu que queria treinar, a paciente de Duda nem pensou duas vezes e inscreveu-se num ginásio que não o do seu marido.
Foto: Instagram