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Carnaval de Ovar 2018: Frio e chuva apareceram mas ninguém os levou a sério

Diz um ditado bem português que “a vida são dois dias e o Carnaval são três”. Embora Ovar tenha aquele que se diz ser o entrudo mais genuíno deste país à beira mar plantado, essa frase não se aplica àquela cidade do distrito de Aveiro.

Quem por lá anda sabe que o Carnaval dura muito mais do que três dias. Basta ter em conta que a próxima edição começa a ser preparada já depois de amanhã. Mas, até lá, ainda há tempo para mais um desfile, na terça-feira, além da Noite Mágica, que se realiza hoje e é para muitos a cereja no topo do bolo.

Para trás fica o desfile dos mais novos, que decorreu ainda no fim de semana anterior, e muitas outras iniciativas. O Carnaval de Ovar 2018 começou ‘a sério’ na passada quinta-feira, com o tradicional e já indispensável concerto de Quim Barreiros. Um aperitivo que podia deixar os fãs da festa de barriga cheia, não fosse a gula que os move quando o tema é Carnaval.

A Noite da Farrapada, na sexta-feira, mostrou logo que não havia condição climatérica que impedisse o povo vareiro e os seus visitantes de sair à rua para mais uma iniciativa de folia. Apesar do frio, as ruas aqueceram com milhares de pessoas, já depois dos jantares de grupo que se multiplicaram pelos diversos restaurantes da cidade, sempre ao som dos Axu Mal, que voltaram a oferecer momentos de boa disposição com as suas músicas, uma delas composta por odes a Amália e a Eusébio.

De qualquer forma, foi no Sábado de Carnaval que se registou a primeira grande enchente. Os bilhetes para o desfile das Escolas de Samba esgotaram e os grupos não não defraudaram a elevada procura. Azar dos que ficaram de fora por terem ido tarde à procura do bilhete mágico.

Enquanto o desfile na Avenida Sá Carneiro aguardava o ‘tiro de partida’, uma das inúmeras barraquinhas montadas pela cidade com o propósito de não deixar ninguém de garganta seca, ali bem perto do central e emblemático Café Progresso, fazia os últimos reparos na máquina que viria a servir largas centenas de cervejas só nessa noite de sábado.

“Hoje e segunda-feira são os dias mais lucrativas. Nada pode falhar”, desabafava o proprietário, confiante de que o problema viria a ser resolvido. E assim foi, para felicidade dos muitos foliões que se movem a cerveja.

Nessa noite havia mais motivos para festejar e, no Espaço Folião, em frente à Biblioteca Municipal de Ovar, muitos gritaram vivas à seleção campeã europeia de futsal, o que ajudou a minimizar o atraso de Matias Damásio na subida ao palco. Enquanto se aguardava pelo artista, ‘entornaram-se’ muitos copos de poncha de maracujá, bebida que parece ter virado moda em Ovar, como que a saudar o povo madeirense, também ele muito tradicional na festa de Carnaval.

O domingo acordou com vidros, plásticos e papéis de serpentinas e ‘confetti’ em grande número pelo chão. A chuva dificultou o trabalho dos empregados camarários destacados para limpar os excessos habituais, mas tudo estava conforme se pedia na parte da tarde, para os grandes Corsos Carnavalescos, com cerca de 2000 figurantes, provenientes de 14 Grupos Carnavalescos, seis Grupos de Passerelle e quatro Escolas de Samba.

As bancadas de 4.100 lugares, fora os peões, voltaram a registar uma enchente e até a chuva quis marcar presença. Ninguém a conseguiu travar, mas todos se recusaram a entregar-lhe o protagonismo. Ninguém arredou pé e o desfile decorreu com a animação habitual.

Segue-se agora a Noite Mágica, aquela em que todos os excessos são cometidos e na qual as luzes das ambulâncias e outros carros de apoio de segurança já parecem fazer parte da decoração. A cidade não vai dormir e amanhã há novo desfile, este de repetição e sempre mais ‘morto’, devido à ressaca da grande noite e do trabalho realizado durante todo o ano, que deixa os locais sempre orgulhosos, independentemente de pertencer ou não aos grupos vencedores.

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Fotos: Hugo Monteiro