Da primeira semifinal do Festival da Canção, realizada no passado domingo, a par das interpretações, ficou na retina da maioria o momento em que um dos concorrentes desatou a comer uma banana quando era entrevistado. No seu estilo alternativo e irreverente, Janeiro obteve o segundo lugar no apuramento para a final, a 4 de março em Guimarães, e é já um dos favoritos à vitória.
Aos 23 anos, o artista goza da simpatia de ter como padrinho o último vencedor do Festival Eurovisão da Canção, mas também já deu provas que não lhe falta talento. O piano foi o primeiro instrumento que aprendeu a tocar, mas foi a guitarra que mais o cativou.
Natural de Coimbra, Henrique Janeiro formou-se em Musicologia na Faculdade de Ciências da Universidade Nova de Lisboa, depois de anos e anos a ser embalado pelo rock dos Pink Floyd ou Lou Reed, por influência do pai, a par da bossa nova de Caetano Veloso e Maria Bethânia incutida pela mãe.
Os primeiros acordes saíram aos 13 anos, para a seguir começar a cantar e a integrar as suas primeiras bandas. Numa entrevista que deu à revista Nova Magazine, da universidade onde estudou, recordou que, ainda na Cidade dos Estudantes, era nas escadas de casa que tocava, pois “era o sítio com melhor acústica”.
Pouco convencional, findo o Secundário, Janeiro optou por uma licenciatura rara, sempre com o apoio dos pais até na mudança para a capital, ao mesmo tempo em que apostava na aprendizagem do jazz no Hot Clube de Portugal. E foi aí que começou a sobressair não só como músico, mas também como intérprete, o que confirma agora com o tema “Sem título” no Festival da Canção.
Este ano, deverá sair o seu primeiro álbum de longa duração, mas até lá ainda promete surpreender mais, se bem com a mesma canção, na Cidade Berço onde, para a semana, saber-se-á quem sucederá a Sobral na Eurovisão que, desta vez, terá lugar, em Lisboa, no mês de maio.
Com ou sem a banana que até deu direito a memes e piadas por parte dos internautas, Janeiro há muito provou que tem valor e que não precisa de fogo de artifício para brilhar, uma característica comum a muitos dos que também seguiram caminho no certame.