Os efeitos da solidão e do isolamento não são novidade. Além de elevar o nível das hormonas do stress e inflamações, a exclusão pode aumentar o risco de doenças cardíacas, artrite, diabetes tipo 2, demência e depressão. Não é à toa que cada vez mais pesquisas tentam mostrar as vantagens de manter relações com as pessoas.
Uma delas, publicada por pesquisadores da Universidade Northwestern, nos Estados Unidos, revelou que relacionamentos positivos mantêm a memória a funcionar ao longo dos anos.
Para o estudo, os pesquisadores pediram a 31 “superidosos” – homens e mulheres com mais de 80 anos, cujas memórias são tão boas ou até melhores do que pessoas 20 ou 30 anos mais novas – e 19 adultos idosos cognitivamente “normais” para preencherem um questionário sobre seu bem-estar psicológico.
Como resultado, os “superidosos” se destacaram numa área: o grau em que relataram ter relações satisfatórias e confiantes.
“Os relacionamentos sociais são realmente importantes para este grupo e podem desempenhar um papel significativo na preservação de sua cognição”, disse Emily Rogalski, uma das autoras.
Evitar o isolamento é um dos fatores considerados cruciais para viver bem a terceira idade. Para se ter ideia, um estudo da Universidade de Harvard que acompanha as mesmas pessoas há 80 anos, apontou no ano passado que os relacionamentos são a chave para uma vida não só longa, mas saudável e feliz.
As sugestões para adultos solitários ou socialmente isolados costumam incluir fazer um curso, adotar um cachorro, fazer trabalho voluntário e participar de um centro de convivência da terceira idade.
William “Bill” Gurolnick, 86, um dos “superidosos” que participaram do estudo, percebeu o valor de se tornar mais ativo socialmente depois de se aposentar, em 1999. “Os homens geralmente não estão inclinados a falar sobre seus sentimentos, e eu era assim”, explicou ao ‘Business Insider’. “Mas se abrir para outras pessoas é uma das coisas que eu aprendi a fazer.”
Juntamente com outros homens que deixaram o mundo do trabalho para trás, Gurolnick ajudou a fundar um grupo que agora tem quase 150 membros. Todos os meses, eles reúnem-se durante duas horas para discutir questões pessoais como divórcio, doença e crianças.
“Nós aprendemos que as pessoas não estão sozinhas nos problemas com os quais estão a lidar”, disse Gurolnick.
Além de se encontrar com o grupo, ele ainda realiza outras atividades para cultivar relacionamentos, como pedalar com os amigos e marcar almoços e cafés.
“Você realmente tem uma sensação de estar vivo”, disse Gurolnick, quando questionado sobre o que ele tira dessas interações. “Tem-se a sensação de não estar sozinho.”