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Nuno Markl lamenta atitude de Maria Vieira em relação à morte de Marielle Franco

A morte da deputada brasileira, executada a tiro na passada quarta-feira, continua a mobilizar o mundo sem olhar a cor, credo, raça ou classe social, mas ainda há quem aproveite o momento para extravasar os piores sentimentos, como denunciou Nuno Markl, sem alimentar rancores, mas lamentando a maldade.

“No Facebook da Maria Vieira, um dos seus fãs, num indescritível acesso de pura e inadulterada maldade (aquilo a que os anglo-saxónicos chamam EVIL, não há outra palavra melhor) comenta a terrível execução da Marielle Franco dizendo: “A mesma que impediu a polícia municipal de andar armada para sua defesa. Temos pena, shit happens, menos uma esquerdalha a consumir oxigénio”, começou por escrever na rede social o humorista e argumentista na rede social.

Markl reconhece ainda que: “Mesmo que eu fosse de direita, eu apagava isto e expulsava imediatamente este tipo da minha página. Eu ficaria embaraçado de ter entre os meus seguidores um tipo capaz de se regozijar com uma execução cobarde de uma pessoa que foi para a luta com ideias e foi destruída por balas”.

“A Maria – e, caraças, o quanto eu estimava a Maria, há uns anos – respondeu apenas “ela foi vítima dos seus próprios disparates”. E depois, no insulto supremo a várias inteligências (incluindo a sua própria) remata: ‘Ainda assim eu lamento a morte dela’. Tarde demais. Uma coisa é ser de direita, outra é ser de uma inominável maldade que não pertence a nenhuma ideologia. Isto nem sequer é ser ‘politicamente incorreto’. Isto é só ser mau”, condenou o também radialista, sem meias palavras.

No final, Nuno Markl ainda justificou a razão de “dar atenção à Maria Vieira”. E a justificação é simples: “Precisamente porque a conheci, e, durante muitos anos, ela não era isto. O meu problema não é ela ter virado à direita – conheço muito boas pessoas de direita. O meu problema é isto. É a normalidade de dialogar com alguém que celebra uma execução com um ‘bem feita, menos uma’. E isto, repito, não tem a ver com ideologias. Tem a ver com uma coisa que não tem cor política: o lado mais deplorável e negro da Humanidade. Ela agora vive lá e vive feliz, aparentemente. E isso, para quem a conheceu e trabalhou com ela, é profundamente triste”.

Com o passar dos dias e o avançar da investigação, vão-se conhecendo novos pormenores do crime que vitimou Marielle Franco e que muitos acreditam ter sido uma execução por encomenda.

Tudo aconteceu quando a ativista política se dirigia para casa depois de participar num evento de defesa das mulheres negras. A meio da viagem, um veículo parou ao lado do seu e, de repente, foram disparados nove tiros, todos dirigidos ao banco de trás do carro onde Marielle ia.

Quatro tiros atingiram a vereadora na cabeça, três atingiram o motorista nas costas, provocando-lhes morte imediata. A polícia examinou imediatamente o local, cápsulas de calibre 9 mm, um tipo de munições não acessível ao cidadão comum.

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, já confirmou que “essa munição foi roubada na sede dos Correios, anos atrás na Paraíba”. “E a Polícia Federal já abriu mais de 50 inquéritos por conta dessa munição desviada”, afirmou.

O mesmo tipo de balas tinha sido usado em 2015, em Osasco, São Paulo, naquela que foi considerada a maior chacina da história daquela região. Na altura, morreram 17 pessoas e quatro agentes das autoridades foram condenados.